Sobre a mesa de negociação do Plano Safra 2019/2020, que começa a ser formatado pela equipe econômica do governo, estão dois pontos cruciais à agricultura brasileira: acesso a crédito e seguro da produção. O indicativo de reduzir os subsídios a financiamentos e priorizar mecanismos de proteção às lavouras divide opiniões — criando uma queda de braço dentro do agronegócio. Enquanto produtores defendem mudanças para modernizar o atual sistema de crédito oficial, que nos últimos quatro anos excluiu pelo menos 400 mil produtores no país, indústrias do setor alertam para o risco de estagnação dos investimentos se o juro subsidiado for reduzido — impactando diretamente na competitividade da agricultura brasileira no mercado externo.
— O produtor irá escolher o que é mais importante para ele, se é crédito ou seguro — indica Pedro Estevão Bastos de Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Em meio à formatação de um novo modelo de crédito, é grande também o lobby de seguradoras, que buscam aumentar a participação de mercado no Brasil — hoje com apenas 13% da área plantada coberta.
— Essa discussão é um avanço. O risco da atividade agrícola não pode ficar só no colo do governo — afirma Everton Todescatto, gerente comercial de Agronegócios da Sancor Seguros.
Para garantir mais créditos a juro livre, algumas possibilidades estão sendo cogitadas, como incentivar grandes produtores a se financiarem no mercado por meio de títulos do agronegócio. Outra medida estudada é o aumento do direcionamento obrigatório das Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) para operações de crédito rural. Seja qual for a direção tomada, a tendência é de mudanças, que deverão ser amadurecidas e implantadas de forma gradual — sem causar rupturas em um setor que vem sustentando a economia brasileira.