O direcionamento do subsídio ao crédito para o seguro da produção, desenhado na nova política econômica, é dado quase como certo por instituições financeiras e seguradoras. No Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), é grande a expectativa pelo novo plano de crédito rural, em discussão nessa semana em Brasília.
— O grande e o médio produtor não precisam mais de subsídio para crédito. As atividades podem operar perfeitamente com juros de mercado. A questão principal é ter segurança da produção, é isso que vai atrair mais investidores ao setor — disse Manfred Dasenbrock, presidente nacional do Sistema Sicredi.
A possibilidade de direcionar subsídios do crédito ao seguro agrícola, conforme aventado na semana passada também pelo presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, significa transferir o risco hoje assumido pelo governo federal para a iniciativa privada.
— Finalmente chegamos a essa discussão no país. Hoje o governo subsidia crédito e endividamento. É muito mais inteligente priorizar o mecanismo que dará a segurança para o produtor e evitará a negociação de dívidas intermináveis — afirma Everton Todescatto, gerente comercial de Seguros Agropecuários da Sancor Seguros.
A mudança que poderá ser anunciada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, nas próximas semanas, deverá movimentar o mercado de seguro da produção agrícola — que hoje abrange apenas 13% da área plantada no país.
—Esse movimento passa também por uma mudança cultural do produtor, que cada vez mais está percebendo a importância de ter a produção protegida — completa Todescatto.
Também estão previstas mudanças no sistema do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), voltado à agricultura familiar. A ideia é também transferir a responsabilidade à iniciativa privada, com um tratamento distinto ao setor.
— Agricultura familiar precisa ter uma proteção e juro diferenciados — afirma o presidente nacional do Sistema Sicredi.