Para as campeãs do concurso leiteiro da 41ª Expoleite, conhecidas na última quinta-feira no parque Assis Brasil, em Esteio, a competição começou há meses. Nas propriedades rurais, as vacas receberam dietas balanceadas e cuidados especiais para produzir mais leite do que o habitual. Os resultados foram rendimentos cinco vezes superiores à média estadual.
A grande campeã entre as adultas, chamada de Amanda, passou a ser ordenhada em Carlos Barbosa, na Serra, três vezes ao dia desde o começo de março – mais de dois meses antes de participar do concurso em Esteio. Normalmente, são duas ordenhas diárias, uma pela manhã e outra no final da tarde.
– Essa mudança foi essencial para aproximar o animal das condições que encontraria na feira – relata o produtor Fernando Mocellin, dono da Granja Du Anjo & Belvedere, de Carlos Barbosa.
O primeiro lugar foi conquistado pela vaca de oito anos com a marca de 61,87 quilos de leite – na média de três ordenhas. Ao lado da sócia Luci Camilo Fontanive, Mocellin cria um rebanho de 52 animais. Com um ano de parceria, alcançou o primeiro prêmio como proprietário. Em 2012, a cabanha em que trabalhava ganhou o concurso em Esteio.
– A minha vida é a produção leiteira. De tirador de leite, busquei capacitação para me tornar um profissional na área – contou Mocellin, que concluiu curso técnico em zootecnia.
Conforto térmico garantido nas baias
A preparação da campeã na categoria jovem, com produtividade de 52,19 quilos de leite, também começou bem antes de chegar a Esteio. A vaca Nelita Meridian, de três anos, da Granja VB, de Eldorado do Sul, recebeu uma dieta balanceada nos últimos 30 dias.
– Aumentamos a quantidade de volumoso e concentrado e a deixamos o maior tempo possível confinada – relatou Cristian Veiga, administrador da propriedade que conta com 350 animais das raças holandesa e jersey.
Além da nutrição, o animal passou a conviver com barulho e música – ambiente parecido ao do parque durante a feira. Para garantir o conforto térmico, os proprietários também colocaram ventiladores nas baias – não deixando a temperatura passar dos 20 graus. A jovem campeã era a grande aposta dos criadores, já que vinha mostrando desempenho 30% superior aos animais da mesma idade.
– Boa genética, manejo, nutrição e sanidade animal são a fórmula de uma vaca campeã – resume Veiga, que conta com a ajuda da namorada Kellem Grings, estudante de Veterinária.
Alcançar boa produtividade é a única forma de manter-se na atividade leiteira, principalmente nos momentos de crise, afirma o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do RS (Gadolando), Jorge Fonseca:
– Os criadores têm um custo fixo de produção. No momento em que aumentam seus rendimentos, com profissionalismo, conseguem margens maiores de lucro.
Hoje, a média de produtividade das vacas leiterias criadas no Rio Grande do Sul é de 11,5 litros/dia, segundo informações da Gadolando.