Nosso Estado é o berço do gado holandês no Brasil. Os primeiros animais chegaram a Pelotas importados da Holanda pela família Assunção, que formou o primeiro rebanho com o Coronel Pedro Osório – industrial do charque. Posteriormente, Arnaldo Ferreira, em Jaguarão, Vicente Donazar, em Bagé e Aristides Morais, em Cachoeira do Sul, entre outros, formaram rebanhos que serviram de base genética para a raça até os dias de hoje.
Coincidentemente, iniciei minha atividade como criador e sócio da Gadolando em 1976, mesmo ano em que ocorreu a primeira Expoleite no Parque Assis Brasil, em Esteio. E, nesta feira, da qual participei com animais importados do Uruguai, foram alojadas nos galpões mais de 700 cabeças de bovinos que, em sua grande maioria, foram comercializadas em remates. Naquela época, os compradores eram produtores de leite do Rio Grande do Sul e de outros Estados.
O que mudou?
Nos anos 1970, os bancos estatais financiavam somente animais adquiridos em feiras oficiais da Secretaria da Agricultura do RS e, para participar das mostras, os animais tinham de ser registrados nas respectivas associações de raça. Assim, havia garantia de valor genético chancelada pelo registro, bem como sanitária, confirmada por exames oficiais obrigatórios.
Os financiamentos tinham prazo de cinco anos, com amortização no final do contrato e os juros eram subsidiados com abatimento anual. Com essas condições, o produtor aumentava seu rebanho e com a evolução deste, e maior produção, tinha condições de liquidar seu débito no vencimento.
Em meados dos anos 1980, começaram as mudanças que, na minha avaliação, acabaram com as feiras de gado leiteiro.
Os bancos deixaram de exigir registro genealógico para animais financiados. Passaram a liberar recursos para programas de organizações com interesse político. Se distribuíam recursos sem qualquer supervisão técnica e até sem comprovação do uso correto do mesmo.
Os prazos de financiamento foram reduzidos para três anos com amortização semestral. Assim, o produtor adquire animais para aumentar sua produção, mas após meses já tem de amortizar a parcela da dívida, o que inviabiliza seu investimento.
Jorge Fonseca da Silva é presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande de do Sul (Gadolando), fundada em 1936