Trabalhar no campo é um desafio diário. Contratar trabalhadores em tempo de mecanização também. Veja os entraves nessa relação.
Oferecer melhores condições de trabalho e remuneração justa, assegurar direitos trabalhistas e combater a informalidade
O presidente da Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais no RS (Fetar), Nelson Wild, acredita que a solução passa pelo diálogo com os sindicatos rurais e a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
– A informalidade é o grande monstro que ronda o trabalho no campo – afirma, acrescentando que falta fiscalização.
O dirigente destaca que as condições de trabalho melhoraram, mas é preciso avançar. Cita a necessidade de estimular a qualificação no transporte, além do uso de equipamentos de proteção.
O auditor Luiz Felipe Brandão de Mello, chefe da seção de Fiscalização da Superintendência Regional do Trabalho no RS, destaca que, frente à falta de servidores para fiscalização, são priorizadas áreas onde há mais trabalhadores, como o corte de acácia e pinus.
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Reduzir o número de acidentes de trabalho no campo
A saída para solucionar este gargalo é a conscientização sobre a prevenção. Segundo o auditor fiscal Sérgio Garcia, chefe da seção de Segurança e Saúde do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho, o tombamento de máquinas é a situação que mais gera ocorrências. Também há registros em derrubadas de árvores, no uso de agrotóxicos e no rompimento de silos.
– Normalmente, estes acidentes são fatais – alerta Garcia, destacando que ocorrem, em média, oito casos com morte por ano no Rio Grande do Sul, índice superior ao número de episódios da construção civil.
Qualificação da mão de obra em ritmo que acompanhe o surgimento de novas tecnologias
O presidente da Farsul, Carlos Sperotto, destaca que a mecanização demandará mão de obra cada vez mais qualificada.
– Temos um dever de casa a ser cumprido – diz Sperotto, frisando a importância de se usar, ao máximo, a tecnologia disponível.
Diante deste cenário, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do RS (Senar/RS), em conjunto com sindicatos rurais, busca conscientizar sobre a importância de investir em formação do trabalhador rural.
– Falta vontade de melhorar a capacidade de produção pelo aspecto técnico e social – diz o superintendente do Senar, Gilmar Tietböhl.
Incentivar a sucessão rural e estimular os jovens a permanecerem no campo
Um dos caminhos é criar políticas públicas que incentivem os filhos de produtores a ficarem na propriedade, além de viabilizar o acesso à terra por meio de ações pela reforma agrária ou crédito fundiário.
– Também é necessário abrir mais espaço para os jovens se sentirem pertencentes e estimulá-los a criarem gosto pelo campo – destaca o presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), Carlos Joel da Silva.
Ampliar a qualificação e o ensino técnico voltados ao campo
O Ministério da Educação informa que desenvolve programas para melhorar a educação básica (ensino regular e técnico) pela permanência e conclusão da trajetória escolar no campo. Enquanto o Pronatec Campo atende a agricultores familiares, o Pronatec Agro qualifica pequenos e médios. Outra iniciativa é o Programa Nacional de Educação do Campo (Pronacampo), que atua junto a sistemas estaduais e municipais, e o Programa de Apoio à Formação de Licenciatura em Educação do Campo (Procampo), que apoia a licenciatura.Mais informações no site mec.gov.br.