Mais da metade dos brasileiros (51%) têm o sexo a três como principal fantasia sexual, segundo recente pesquisa realizada pela empresa de brinquedos sexuais Pantynova. Na sequência, vêm BDSM (sigla que significa Bondage, Disciplina/Dominação, Submissão/ Sadismo e Masoquismo) e as relações sexuais em público.
Intitulado Censo do Sexo 2022, o estudo contou com a participação de 1.813 pessoas de orientações sexuais e gêneros diversos, sendo a maior parte das gerações Z e millennial moradores do sul e do sudeste do país. Entre todos os públicos, o ménage à trois aparece no topo da lista de desejos.
De acordo com a psicanalista Joana Waldorf, que colaborou com a pesquisa, a fantasia corresponde aos roteiros criados para obter excitação. E relaciona os resultados, entre outros fatores, a questões culturais.
— O fetiche constitui um desvio da sexualidade dita "normal", que corresponde ao que se estabeleceu como regra. Logo, ele sempre vai estar relacionado aos tabus da época, e como todo tabu, basta proibir, dizer "não pode", que a excitação é certa. Os dados apresentados mostram o sexo a três, o BDSM e sexo em público como principais citados. São três grandes tabus. O primeiro, por exemplo, foge à norma monogâmica — observa a especialista.
Além do ato
Outro dado apontado pela pesquisa é o consenso de que é preciso falar mais sobre o tema. Na opinião de 95% dos participantes, discutir o tema impacta positivamente a sociedade. Além disso, 75% acham que é importante conversar sobre sexo e masturbação com pessoas próximas.
Ainda assim, educação sexual é realidade para apenas 43% das pessoas consultadas. Entre os temas mais abordados, destacam-se gravidez, como o sexo acontece, prevenção de doenças, puberdade e anatomia genital. Já os assuntos menos mencionados foram consentimento sexual, assédio e violência, masturbação e diversidade.
Ansiedades na hora H
Ansiedade ou pressão sexual estão entre os sentimentos mais presentes na vida íntima dos participantes da pesquisa: somente 13% relataram nunca ter passado algo dessa natureza. No sexo a dois, as principais causas são fazer a outra pessoa gozar (53%), manter a excitação o tempo todo (39%) e chegar ao orgasmo mais rápido (36%).
— A ansiedade no sexo está, em parte, em atender a uma expectativa, seja de um parceiro ou de um discurso social. O imperativo "goze", mas também "faça gozar", gera um constrangimento, um receio de "fracassar". É muito comum perguntar ou ouvir: "você gozou?", a fim de saber se relação sexual foi "bem sucedida", se o desempenho foi o esperado. É preciso ter cuidado para não cairmos na armadilha do capitalismo, da lógica de consumo e do neoliberalismo que nos faz empreendedores de nós mesmos até nas trocas sexuais — opina a psicanalista sobre o assunto.
Sexo e política
Você pergunta a orientação política do parceiro antes de algum tipo de contato físico? A pesquisa apontou que 88% das pessoas preferem se relacionar com quem tenha o mesmo posicionamento que elas.
Gap do orgasmo
Um outro ponto importante da pesquisa é a reprodução de padrões, como o "gap do orgasmo" entre homens e mulheres (cis, principalmente). Isto é, a superioridade do número de homens que dizem atingir o orgasmo durante o sexo em relação ao número de mulheres.
Quando sozinhas, 66% delas disseram gozar sempre. Já quando envolve outra pessoa, esse número cai drasticamente: apenas 19% disseram chegar lá todas as vezes que transam com alguém. Analisando pessoas que se identificam como sexo masculino, 86% gozam sempre durante a masturbação, mas esse número também cai quando com outra pessoa, ficando em 54%.
Quando o tema é orgasmo a dois, apenas mulheres lésbicas se destacam, somando 28% das que afirmam gozar sempre transando com outra pessoa (ou seja, nove pontos percentuais a mais do que as heterossexuais). Ainda assim, a frequência está muito abaixo da dos homens cisgêneros, independentemente da orientação sexual.
Para os realizadores do levantamento, o maior índice de orgasmos com a masturbação pode ter relação com o isolamento social, que impulsionou as vendas de vibradores e outros brinquedos sexuais. Somente entre março e agosto de 2020, a venda de vibradores aumentou cerca de 50%, segundo Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme).
Veja os rankings
Entre heterossexuais
- Sexo a três
- Sexo anal
- Sexo em público
- BDSM
- Fantasias
Entre bissexuais
- Sexo a três
- BDSM
- Sexo em público
- Voyerismo (interesse em ver a prática sexual de terceiros)
- Sexo anal
Entre homossexuais
- Sexo a três
- BDSM
- Voyerismo
- Sexo anal
- Sexo em público
Entre pansexuais
- Sexo a três
- BDSM
- Sexo em público
- Sexo anal
- Spanking
A distribuição da pesquisa foi feita digitalmente entre os dias 1º e 31 de julho de 2022. Para as próximas edições, a Pantynova afirma que pretende ampliar a diversidade da amostra, principalmente quanto à idade e à localização.
"Acreditamos que o bem-estar sexual passa pelo autoconhecimento e que é fundamental para a autoestima, nesse sentido dados apresentados podem ajudar no entendimento da sexualidade individual (quando cada pessoa se vê como parte de uma sociedade) e coletiva", explica a empresa sobre o objetivo do estudo. Confira os resultados completos neste link.