Imagens de famosas como Kylie Jenner, Anitta, Bianca Andrade e Livia Nunes utilizando dois ou mais biquínis sobrepostos — um em cima do outro — durante o verão europeu viralizaram nas redes sociais recentemente. A tendência propõe criar camadas com as peças de modelos iguais ou diferentes e deixá-las estrategicamente aparentes.
O truque de styling vem chamando cada vez mais atenção e tem tudo para conquistar adeptas no Brasil. No entanto, apesar do estilo, especialistas em saúde íntima feminina ponderam sobre a importância dos cuidados, especialmente com as calcinhas utilizadas.
— No momento em que você usa uma sobreposição de biquínis, você deixa a vagina mais abafada. Quanto mais quente e mais úmida, ela ficará mais ácida e mais suscetível à proliferação de germes. Na região, há fungos, bactérias, suor, células mortas que são naturais. Tudo que desequilibrar vai favorecer uma secreção aumentada, ou para fungos ou para bactérias — explica a ginecologista Wilma Mendonça, especialista em patologia do trato genital inferior.
Ainda segundo a médica, a utilização de biquínis e maiôs por si só já é algo que demanda atenção. Isso porque, além de deixarem a região íntima mais exposta aos agentes externos, na maioria das vezes, as mulheres tendem a passar muitas horas na praia ou na piscina com a mesma roupa.
Esse longo período favorece a retenção da umidade, seja oriunda do próprio suor ou se a pessoa estiver molhada após um mergulho. Outro complicador é a confecção das peças, majoritariamente a partir de tecidos sintéticos, capazes de dificultar a ventilação na região íntima.
— Passar o dia inteiro com o mesmo biquíni ou com o mesmo maio de Lycra, por exemplo, já pode ser um problema, imagina com três, quatro biquínis sobrepostos — pontua Wilma.
É para deixar de usar a tendência?
A ginecologista aponta que o abafamento e a umidade na área íntima podem levar ao desequilíbrio da flora vaginal e ao desenvolvimento de vaginoses bacterianas, reações alérgicas e vaginites fúngicas. Tais condições estão associadas ao aparecimento de coceiras, mau cheiro e corrimentos.
Com isso, é necessário ter alguns cuidados para usufruir da tendência com segurança e sem desconfortos.
— Não é recomendado ficar com os mesmos biquínis molhados ou suados ao longo do dia inteiro, ou por muito tempo. Teria que ser feita uma troca, o que já recomendamos com o uso de um só. Procure chegar em casa e logo fazer a higiene, troque a calcinha e deixe a vagina transpirar — recomenda.
Também é importante ter atenção com a higienização das peças.
— Roupas íntimas, biquínis e maiôs precisam ser lavados com sabão neutro, sabão de coco ou sabão de glicerina. Nunca devem ser colocados na máquina com outras roupas, com amaciantes ou com produtos que possam depositar resíduos na fibra da calcinha. Eles podem entrar em contato com a vagina e causar irritações. Depois de limpas, as roupas devem ser colocadas para ventilar, nada de deixar no banheiro — alerta a especialista.
Vale, também, dar preferências para as peças produzidas com tecidos naturais, como o algodão, que favorece a ventilação da região.
Por fim, Wilma lembra que as peças que ficam guardadas ao longo do ano também precisam ser lavadas antes de serem utilizadas:
— Elas podem ter ficado dentro de uma gaveta mais úmida, que criou fungos ou que teve a proliferação de germes. Esses agentes podem entrar em contato com a vagina e causar algum sintoma.
*Produção: Carolina Dill