Ciência é coisa de mulher. E se você ainda duvida, há um time de gaúchas que está aí para provar o contrário: Angela Wyse, Clarissa Frizzo, Fernanda Staniscuaski, Luiza Frank e Silvana Rempel são cientistas daqui que tiveram seus trabalhos reconhecidos internacionalmente em 2021.
Angela é professora e pesquisadora da UFRGS na área de bioquímica e foi empossada como membro da Academia Mundial de Ciências. Já Luiza, que é pesquisadora da UFRGS e professora da UniRitter em cursos da saúde, figurou na lista do prêmio 25 Mulheres na Ciência na América Latina, assim como Silvana Rempel, formada pela UCS e doutoranda em Engenharia de Materiais na UFRGS.
Também professora da federal, Fernanda está à frente do movimento Parent in Science, que foi reconhecido como uma iniciativa de destaque pela revista britânica Nature. E Clarissa, que é professora e pesquisadora da UFSM, foi uma das vencedoras do Prêmio Mulheres Latino-Americanas na Química.
A seguir, conheça a história e saiba mais sobre a pesquisa da cientista Angela Wyse:
"Quero incentivar meninos e meninas a se tornarem grandes profissionais"
Foi na graduação que Angela Wyse se apaixonou pela bioquímica. Logo nos primeiros semestres, a aluna da Universidade Federal de Rio Grande (Furg) tomou uma decisão que virou o norte de sua vida profissional: queria ser professora. A versão da cientista aplicada, premiada e, hoje, reconhecida internacionalmente, surgiu só depois, ao ingressar no mestrado e no doutorado na UFRGS nos anos 1990.
— Era fascinada pelas reações químicas, a complexidade, tentar entender e simplificar aquilo para ver o quanto a natureza é perfeita. Ser pesquisadora é uma carreira apaixonante também. A ciência vai evoluindo, um trabalho baseia o outro, as descobertas vão se complementando — afirma a gaúcha de São José do Norte.
Em novembro deste ano, Angela foi empossada como membro da Academia Mundial de Ciências, que conta com cientistas de mais de cem países – e, ainda, uma minoria feminina. Entre os brasileiros que integram o rol de nomes, por exemplo, pouco mais de 20% são mulheres. Em 2020, a cientista também virou notícia por mais um reconhecimento mundial: foi uma das vencedoras do prêmio Cientista do Ano do instituto norte-americano International Achievements Research Center.
— O fato de ganhar prêmio dá visibilidade para a ciência, é bom para todos. Não é só para a Angela, mas para os meus alunos, colegas, a instituição, o Brasil. Quero incentivar meninos e meninas a se tornarem grandes profissionais — defende a cientista.
Hoje, Angela é professora e pesquisadora no departamento de bioquímica do Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS e trabalha na área das doenças neurodegenerativas e neurometabólicas, investigando fatores de risco para o Alzheimer e o Parkinson, por exemplo. Em seus estudos, ela também atua com a prevenção e o tratamento dessas doenças, além de se aprofundar no segmento da memória. E mais: ainda está à frente de um projeto para estimular o gosto pelas ciências em escolas públicas.
Nas horas vagas, ainda sobra tempo para curtir outra paixão, a literatura. Angela já lançou um livro, o NeuroPoesia (2016):
— Escrevo, gosto de moda, de ler, de viajar. Sou dedicada ao trabalho, mas consigo dividir o meu tempo. Cientista como pessoa excêntrica, que não gosta de conviver com os outros, não é uma realidade para mim. Também quero tirar um pouco essa ideia de que cientista é alguém distante da maioria.