Ciência é coisa de mulher. E se você ainda duvida, há um time de gaúchas que está aí para provar o contrário: Angela Wyse, Clarissa Frizzo, Fernanda Staniscuaski, Luiza Frank e Silvana Rempel são cientistas daqui que tiveram seus trabalhos reconhecidos internacionalmente em 2021.
Angela é professora e pesquisadora da UFRGS na área de bioquímica e foi empossada como membro da Academia Mundial de Ciências. Já Luiza, que é pesquisadora da UFRGS e professora da UniRitter em cursos da saúde, figurou na lista do prêmio 25 Mulheres na Ciência na América Latina, assim como Silvana Rempel, formada pela UCS e doutoranda em Engenharia de Materiais na UFRGS.
Também professora da federal, Fernanda está à frente do movimento Parent in Science, que foi reconhecido como uma iniciativa de destaque pela revista britânica Nature. E Clarissa, que é professora e pesquisadora da UFSM, foi uma das vencedoras do Prêmio Mulheres Latino-Americanas na Química.
A seguir, conheça a história e saiba mais sobre a pesquisa da cientista Luiza Frank.
"Um grande desafio é mudar a mentalidade para as mulheres terem espaço e ele ser ocupado de fato"
Luiza Frank sabe que só não ingressou na faculdade de Farmácia da UFRGS cogitando ser pesquisadora por falta de estímulo e referências. Hoje, ela é pós-doutora com passagem por Harvard, está entre as vencedoras do prêmio 25 Mulheres na Ciência na América Latina em 2021, concedido pela empresa de tecnologia 3M, e se esforça para apresentar um mundo de possibilidades bem diferente para sua filha de cinco anos.
— Nunca tive brinquedos que remetiam à ciência, e ainda é difícil achar opções que estimulem diretamente as meninas. Enquanto sociedade, um grande desafio é mudar essa mentalidade, para as mulheres terem esse espaço e ele ser ocupado de fato — defende a pesquisadora de 35 anos.
Desde o início da graduação, Luiza mergulhou na iniciação científica trabalhando em espaços como o Hospital de Clínicas, na parte de biologia molecular, e no grupo de pesquisa de nanotecnologia farmacêutica. Viu de perto que a pesquisa podia criar alternativas para o tratamento de doenças e foi aí que decidiu seu caminho. Emendou o mestrado e o doutorado na UFRGS e, hoje, é pesquisadora da universidade e professora de cursos da área da saúde na UniRitter.
A distinção recebida neste ano é resultado de sua pesquisa sobre um novo tratamento para o câncer cervical (conhecido como câncer do colo do útero), atenuando os efeitos adversos, garantindo eficácia e melhorando a qualidade de vida das mulheres – ela desenvolveu um hidrogel para aplicação local.
Para além das dificuldades no laboratório, Luiza acredita que conciliar a maternidade com a vida de cientista é desafiador. Ainda há o que avançar quando se trata do acolhimento das pesquisadoras mães e da garantia de seus direitos, diz:
— Ser mãe impacta no andamento da pesquisa e na produtividade. Tenho experimentos que duram 12 horas, como colocar a amamentação dentro disso? Hoje, há movimentos nos editais, de colocar a maternidade no lattes, para ajudar nessas questões.