A procura por alternativas ao tradicional absorvente descartável tem crescido cada vez mais. A ginecologista Simone Vaccaro, que fala sobre saúde íntima feminina no perfil do Instagram @drasimonevaccaro, observa este aumento no interesse das pacientes no consultório e considera a mudança de comportamento positiva, já que significa um olhar atento das mulheres para possibilidades mais sustentáveis durante a menstruação.
Uma das novidades do mercado que tem chamado a atenção são as calcinhas absorventes, produzidas com tecidos tecnológicos de alta absorção que se intercalam para garantir que o sangue não vaze. As marcas que embarcam na aposta garantem maior conforto para o período menstrual.
Reunimos cinco razões para você considerar experimentar e, quem sabe, adotar a novidade. Confira:
Saúde
Mariana Betioli, obstetriz e fundadora da marca de coletores menstruais e calcinhas absorventes Inciclo, diz que os tecidos são antimicrobianos, o que impede a proliferação de fungos e bactérias. A ginecologista Simone explica que, por não conterem tantos componentes químicos, a chance de causarem alergia é menor.
— A camada que entra em contato com a pele é de algodão, e mesmo as camadas de dentro permitem que haja respiração, um fluxo sem que essa região fique abafada. Por conta disso, causam menos infecções. Por não terem plásticos, menos alergias. Por isso, elas são favoráveis — resume a médica.
Simone também alerta para outra novidade no mercado, os absorventes descartáveis produzidos com algodão orgânico. Por não ter químicas em sua fabricação, o item diminui a chance de alergias. Mas, como continua contando com uma camada de plástico para a ação impermeável, não deixa de abafar a região. Ponto para as calcinhas!
Economia
Outra vantagem da calcinha menstrual é a economia. Por ser lavável e ter a duração aproximada de dois anos, o item dispensa o uso de absorventes descartáveis. A marca Korui faz a conta em seu site: uma mulher tem cerca de 450 ciclos menstruais durante a vida e utiliza, em média, 20 absorventes por ciclo. Considerando estes números, estima-se que sejam usados 10 mil absorventes durante toda a idade fértil. Se pensarmos em um custo médio de R$ 0,60 por unidade, chegamos ao valor de R$ 6 mil.
Meio ambiente
O uso de alternativas sustentáveis não poupa só o bolso, mas também o planeta. A marca Pantys afirma que, ao adotar o uso de calcinhas absorventes, em um ano você reduz até cerca de 400 absorventes descartáveis, que equivalem a cerca de quatro quilos de lixo - e estes levam 500 anos para decompor na natureza.
De acordo com a iniciativa de conscientização e educação ambiental Recicla Sampa, de São Paulo, levando em conta que uma mulher tenha um ciclo menstrual dos 11 aos 54 anos, em toda a sua vida ela produz cerca de 130 quilos de lixo com os absorventes descartáveis.
Um estudo de 2019 chamado Atlas do Plástico, citado pela marca gaúcha de calcinhas e biquínis absorventes Herself em seu portfólio, afirma que os absorventes descartáveis não são compostos apenas de plástico, mas de outras matérias-primas nocivas às pessoas.
“A maior parte desses produtos descartáveis acaba em aterros sanitários, em fontes de água, no mar e em sistemas de esgoto. Os absorventes descartáveis contêm substâncias químicas que podem causar alergias, irritações, intoxicações e doenças”, alerta o estudo, realizado pela Fundação Heinrich Böll.
Praticidade
A lavagem das calcinhas absorventes é simples, argumenta a obstetriz: o processo pode ser feito no chuveiro, na pia ou mesmo na máquina de lavar.
— Lave em água fria, sem alvejante ou amaciante. Depois de seca, ela já está pronta para o próximo uso — garante Mariana. — Quem tem fluxo intenso pode usar combinado com o coletor menstrual ou trocar com um intervalo menor.
A ginecologista Simone diz que o tempo de uso da calcinha varia de acordo com o fluxo da paciente, mas o recomendado é não ultrapassar cinco horas. Além disso, o ideal, depois de lavar, é deixar a peça secar ao sol.
Autoconhecimento
Por fim, mas não menos importante, a calcinha absorvente também pode ser uma forma de auxiliar a mulher a conhecer o próprio corpo.
— A calcinha é uma ótima forma para começar a entender melhor o seu fluxo. Mesmo com toda a informação disponível na internet, a menstruação ainda é vista como um tabu. É bacana que existam alternativas diversas. Assim, as mulheres não ficam reféns de apenas uma opção — opina Mariana, CEO da Inciclo.
Onde comprar?
Herself
A marca gaúcha conta com tecidos tecnológicos para calcinhas e biquínis absorventes e veste do tamanho 30 ao 60. O modelo abaixo custa R$ 109.
Pantys
Do tamanho PP ao XXGG, a marca vende calcinhas, shorts, sutiãs e biquínis absorventes reutilizáveis. O modelo da foto é um shortinho para fluxo noturno e custa R$ 109.
Inciclo
Com tamanhos do PP ao XGG, a marca, conhecida por já investir em coletores menstruais, agora também oferece calcinhas absorventes. O modelo da foto custa R$ 85.
Hope
A tradicional marca de lingerie conta com a linha Flow, que traz quatro modelos de calcinhas absorventes para três tipos diferentes de fluxo, com grade de tamanhos que vai do PP ao EG. Os modelos abaixo têm maior área de cobertura, sendo também indicados para fluxo noturno, e custam R$ 109.
Korui
A marca, que promete soluções "saudáveis, sustentáveis e veganas" para os ciclos menstruais, lançou o modelo de calcinha Bela Gil por R$ 86. Os tamanhos vão do PP ao XXGG.
Produção: Luísa Tessuto