O caso da produtora de eventos catarinense Mariana Ferrer, que acusa o empresário André de Camargo Aranha, de 43 anos, de estupro em um beach club em Florianópolis há dois anos, ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (3). Após a absolvição de Aranha em setembro - que já havia causado repercussão nas redes sociais -, um vídeo que mostra o tratamento recebido pela influenciadora digital durante a audiência gerou revolta na internet.
Os detalhes do julgamento vieram à tona com uma reportagem publicada pelo site The Intercept Brasil. Segundo a sentença, o empresário não tinha como saber que a jovem não estava em condições de consentir com a relação sexual, ocorrida em dezembro de 2018. Dessa forma, não havia “intenção” de estuprar.
O portal também divulgou as imagens da audiência do caso. Na gravação, o advogado de Aranha critica fotos de Mariana disponíveis na internet, classificando-as como "ginecológicas" e insinuando que ela merece receber um tratamento condizente com as imagens. Além disso, dá "graças a Deus" por não ter uma filha “no nível” de Mariana. A jovem chora e pede: "Excelentíssimo, estou implorando por respeito".
Colunistas de Donna escreveram sobre o caso, que segue entre os tópicos mais comentados nas redes sociais e provocou indignação na internet, críticas de ministros de tribunais superiores e personalidades.
Confira o que elas têm a dizer:
Por mulheres na política
"Vendo as cenas da condenação de Mariana Ferrer, a conduta abjeta e asquerosa do advogado de defesa do playboy réu, a conivência do juiz copo d’água, a covardia dos outros dois participantes - um deles advogado da vítima! -, que usaram a máscara como mordaça para, calados, serem cúmplices do espetáculo nojento, fica uma certeza: precisamos de mais mulheres no Judiciário, mais mulheres legislando, mais mulheres à frente do Executivo, mais mulheres para barrar essa onda de intolerância, preconceito e misoginia que o país vive. Eleger mulheres, nesse momento, talvez seja a única reação possível. Pela Mari, pelas nossas filhas, por nós todas".
Por Claudia Tajes, roteirista e escritora
Precedente triste e injusto
"Fiquei estarrecida em diversos níveis. Enojada pelo show de horrores armado por marmanjos em conluio para culpabilizar a vítima; revoltada ao ouvir Mari clamar por respeito (e ser ignorada). Que tristeza ver que, em pleno 2020, o sistema permite que discutir a moral da vítima seja o centro do julgamento. Que se desloque covardemente a atenção do que, de fato, deveria estar sendo discutido: o estupro DOLOSO da vítima. Que precedente triste e injusto. Que vergonha, senhores..."
Por Mônica Salgado, jornalista