Animais de estimação talvez não sofram de depressão, o "mal do século", doença conhecida e tratada entre os seres humanos. Contudo, não estão os animais livres de sofrerem por estresse, um problema igualmente perigoso que pode afetar muito a qualidade de vida dos pets, a ponto de comprometer sua saúde.
Um animal submetido ao estresse por longos períodos acaba tendo outros problemas que se refletem em seu comportamento, afetando sua alimentação, imunidade, dentre outros fatores. O estresse pode ser o responsável, até mesmo, por inexplicáveis coceiras em diferentes partes do corpo animal.
A seguir, veja algumas situações comuns para identificar cães estressados. Cabe lembrar que, o que vale para um animal, não necessariamente é a realidade de outro. Um cachorro adulto da raça lhasa apso, por exemplo, pode dormir até 18 horas por dia e ficar feliz da vida por usufruir da oportunidade de ficar um tempo sozinho e repousando. Outros, porém, podem apresentar mudanças.
Saiba o que pode causar estresse no mascote:
Ficar sozinho
Tem animal que não consegue ser feliz ficando sozinho por muitas horas. O que vale nesse caso é acostumar o animal com a situação desde pequeno. Se seu pet foi trazido para sua casa e você só vai vê-lo à noite, certifique-se de que esse período seja de bons momentos juntos. Só assim seu pet vai entender que aquelas horas solitárias serão compensadas no final do dia.
Ter como companheiro um animal maior e mais agressivo do que ele
Não existe nada mais estressante do que ficar se escondendo debaixo da cama para não apanhar do cachorro de guarda da casa. Animal pequeno que vive junto com animal grande e agressivo, o que chamamos de alfa, está em constante estado de alerta. Isso vale também para canis e casas com um número grande de animais no pátio.
Sentir fome
Outra fonte de estresse que muitos tutores ignoram é a quantidade de horas que o pet sente fome. Há quem só alimente seu mascote uma vez ao dia achando que está fazendo a coisa certa, enquanto que, para aquele animal, o ideal seria fracionar em duas vezes. Animal alimentado sente mais segurança na vida e consegue dormir mais serenamente. Converse com um veterinário sobre o melhor horário para alimentar seu pet.
Falta de passeio e exercícios físicos
Enquanto alguns animais têm aversão a esticar as canelas, outros, em especial filhotes, não vivem felizes sem cheirar uma graminha no final do dia. Como saber se é o caso do seu cão? Se ele der pulos de alegrias ao ver e ouvir a coleira de passear, é porque ele gosta desse tipo de atividade.
Conflito familiar
Casais ou famílias que passam por situações conflitantes, como doença, divórcio e repetidas discussões também alteram o humor dos mascotes. Eles entendem que algo não está bem e que sua estabilidade está em jogo.
Tutores estressados frequentemente transferem esse sentimento de tensão aos pets, que passam também a ficar desconfortáveis e inseguros frente à vida.
Longos períodos de ausência do tutor
Férias prolongadas na casa de um amigo ou em hotel para animais pode ser divertidíssimo ou fonte de longo estresse. Não raro, animais hospedados acabam adoecendo porque se alimentam pouco e até reduzem os horários de fazer xixi, o que acaba complicando o sistema urinário.
Certifique-se de que seu pet não sofra com sua ausência por mais que três dias ou faça com que ele se acostume com menos dias fora de casa, para então ir aumentando aos poucos.
Troca de tutor
A doação de um mascote pode trazer a ele uma vida extraordinária ou cheia de dissabores. Há casos em que, por mais que o novo tutor se desdobre em atenções, o animal segue sentindo saudade do antigo por mais tempo. É necessário ter uma boa dose de paciência com um mascote recém-chegado, que tenha tido muitos anos de história com outra pessoa.
Espaço reduzido
Apartamentos pequenos, área de serviço, gaiolas e guias "vai-vem" curtas integram a lista de fontes estressoras para animais de estimação. Não basta estar sozinho, ainda tem que ficar recluso em um ambiente pequeno, onde mal consegue se exercitar.
Lembrando que há casos em que os tutores têm de se explicar judicialmente sobre as condições em que deixam seus animais em casa. Animal trancado, que recebe pouca luz e que tem pouco espaço para exercícios físicos é frequentemente um animal estressado, doente e infeliz.
Alimento inadequado
Verifique se seu pet não tem alergia alimentar a determinado componente de sua ração. Ele pode estar sentindo gases e dores intestinais diariamente.
Parasitas
Se tem algo irritante é o animal não conseguir dormir direito de tanto se coçar. Pulgas, carrapatos e sarnas são gigantescas fontes de aborrecimento que roubam o sossego do portador.
Falta de aconchego
Enquanto rotweillers podem ficar felizes da vida ao ficarem sozinhos no pátio olhando quem passa na rua, existem também os que, caso não recebam um denguinho do tutor em alguma hora do dia, ficam ressentidos.
O mesmo vale para gatos. Se seu pet pede "beijinhos" quando você se aproxima, procure manter a dose diária de carinho que ele necessita. Ele ficará mais satisfeito com a vida se receber esses mimos, o que mantém o estresse longe.
Doenças crônicas
Patologias que alteram a rotina e o metabolismo do animal também são fontes estressoras, pois, além de desconforto, podem causar dor. Animais diabéticos, ou que sofram com câncer, doença de Cushing ou de outras questões que alteram o metabolismo, podem estar sofrendo estresse.
Tutor doente
Da mesma forma, tutores adoecidos por longos períodos de tempo não passam despercebidos por seus animais, que acabam sentindo o desassossego do tutor, sofrendo com as mudanças de humor dele.
Como saber se seu pet está estressado?
Nem sempre é fácil perceber que seu pet está sofrendo de estresse pois ele pode apresentar um único sinal, como apatia, e isso ser confundido com cansaço, ou que o animal só não goste de se mexer muito. Por outro lado, alguns animais quando submetidos ao estresse, se tornam mais agitados e nervosos com a rotina que se instalou em suas vidas.
Um exemplo desse último é o animal que passa fome, solidão ou que foi doado. Tem pet que gosta mesmo de ficar sozinho e de dormir nos locais mais isolados da casa, como se vê em alguns gatos. A diferença é que um animal desses, ao acordar, se estica, se espreguiça, boceja e segue a vida.
O animal que dorme demais por estar triste permanece dessa forma o dia inteiro. Enquanto alguns animais estressados perdem o apetite, outros o mantém de forma voraz, manifestações distintas que também se verificam nos seres humanos.
Por conta das diferentes maneiras de manifestar o estresse, o interessante é você conversar com o veterinário de seu pet que pode, com o auxílio de exames laboratoriais e o histórico do seu mascote, sugerir mudanças de manejo que contribuirão significativamente para uma vida mais tranquila, divertida e consequentemente feliz.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.