Você sabia que seu cachorro pode estar com dificuldade para enxergar mesmo sendo jovem? Essa informação surpreende muita gente, ainda mais quando o mascote corre de um lado para o outro da casa sem bater em móvel algum. Contudo, pode acontecer de o cachorro enxergar mal sem que seus tutores se deem conta disso.
Via de regra, cachorros não têm uma boa visão. A natureza lhes presenteou com um olfato apuradíssimo e, quanto maior o focinho, maior a capacidade deste animal se orientar por odores, o que facilita muito na hora de sobreviver, uma vez que a busca por alimento ganha um forte aliado quando o assunto é farejar comida. Sendo assim, um pet crescido e criado dentro de casa não vai passar dificuldade se não souber a diferença entre uma porta e uma janela. Os cães se acostumam com a casa do jeito que é e ainda que tenham uma visão borrada, conseguem se locomover se guiando pela claridade.
Mas em viagens esporádicas, seja na praia ou na serra, alguns tutores observam um comportamento bizarro em seus mascotes. Alguns ficam bem doidos, correndo de um lado para o outro e, não raro, correm a ponto de se perderem da vista humana. Outros, ao contrário, quase fazem os tutores tropeçarem sobre eles porque parecem não querer sair do lado deles. Seria medo? Sim, pode ser. Pode ser que ele se sinta inseguro sem conseguir sentir onde seu amigo humano realmente está.
E aqueles que correm em disparada a gente começa a se perguntar se o animal está fazendo isso para usufruir da repentina liberdade ou se está, na verdade, procurando a sombra – ou os odores – de seus tutores. Nunca aconteceu de seu cachorro "trocar de dono" na calçada da praia? De uma hora para outra seguiu outro par de pernas que não o seu? Isso pode ser um sinal de que seu pet não está enxergando bem.
Calma, isso não é sério, apenas uma constatação de que você não pode contar 100% com a visão do seu cachorro quando o assunto é sair de casa. Muitos pets, ao fazerem um passeio curto ao redor de uma praça a poucas quadras do lar, simplesmente não conseguem encontrar o caminho de volta por não se situarem direito onde estão. E assim saem caminhando, inclusive atravessando ruas, completamente perdidos, mesmo estando a poucos metros da moradia.
Situações como essa ocorrem de vez em quando: tutores que deixam seus pets sem guia em parques e praças e o animal simplesmente desaparece. Nem o tutor entende como isso aconteceu e até imagina que seu pet foi roubado. Às vezes não é isso. Ele caminhou uma distância mais longa e não conseguiu te ver. Aí bateu o pânico, e o cachorro saiu em disparada te procurando em qualquer lugar – que pode ser até do outro lado da rua.
Quando isso acontecer, o jeito é abrir a boca e chamar seu pet a plenos pulmões. E sem parar. Se ele não estiver muito longe, poderá tentar se guiar pelo som. Vez ou outra faça um teste com seu pet e verifique se ele consegue saber que você é você a uma determinada distância. E use a voz. Verifique se ele se guia bem com o som dela. Na dúvida, fique de olho o tempo todos e coloque-o de volta à guia assim que ele apresentar sinais de cansaço. É mais seguro e ele se sentirá bem novamente ao se perceber, de alguma maneira, conectado ao seu protetor.
A liberdade de correr sem limites pode ser restauradora mas exige supervisão: passada a euforia, seu pet pode se descobrir sozinho e não encontrar o caminho de volta, mesmo estando a poucos metros de você.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.