A rotina de higiene dos pets é bem diferente da dos humanos e, por isso, é preciso levar algumas recomendações em conta. Alguns tutores podem achar que é ruim "enforcar" o dia do banho no cachorro ou que, por ser um animal com muitos pelos, precisa ser banhado com mais frequência para não ficar com cheiro ruim. No entanto, essa mesma pelagem que você quer limpinha e cheirosa muitas vezes precisa ficar exatamente como está - e com pouco banho - para manter a saúde da pele do seu mascote.
Qual a frequência ideal de banho no inverno?
Isso vai depender do tamanho do pelo, o padrão da tosa para a raça, o tamanho das orelhas e algumas particularidades do animal que fazem com que ele tenha odor desagradável em curto espaço de tempo. Um exemplo disso são cães que sofrem de seborreia, cachorros com problemas dentários e cadelas nos dias que seguem o pós-parto.
Embora não exista um limite rígido quanto a esta frequência, animais com pouco pelo e orelhas empinadas podem tomar um banho a cada sete ou 10 dias - podendo ser até mais do que isso sem causar problema nenhum no animal.
Mas o que as orelhas tem de ver com isso?
Animais com orelhas pendulares, como o cocker spaniel, vão precisar de higiene mais cedo se comparado a um pinscher, por exemplo, que tem pelo curto e orelhas em pé. A orelhinha que fica virada para cima, como os lulus da pomerânia, arejam mais e com isso boa parte do "ranço" de cachorro não se acumula. O que muita gente acha que é cheiro de cachorro é, na verdade, o odor da orelha do animal. Animais com pelos do lado de dentro das orelhas tendem a ter cheiro mais cedo. Muitas vezes, tutores acabam banhando o animal inteiro quando apenas a higienização das orelhas bastaria para deixar o cachorro com um cheirinho mais agradável para transitar pela casa.
Faz mal dar banho toda a semana?
Mal não faz, mas isso também vai depender de qual secador de cabelo será usado, assim como os produtos utilizados. Muitos tutores erram na hora de escolher xampus para deixar o pelo mais sedoso ou brilhoso, e esse uso indiscriminado pode acabar por comprometer a saúde da pele do animal, que passa a ficar ressecada e cheia de escamas se banhada com muita frequência.
É importante estar atento não apenas aos produtos, mas também os recursos que você lança mão para deixar seu cachorro sequinho. Usar apenas toalhas no inverno pode ser insuficiente para secar o pelo do animal e isso contribui para o aparecimento de fungos e nós nos pelos. Nesse caso, dar banho toda a semana no seu mascote será, sim, prejudicial a ele.
Qual o benefício do banho seco?
Em alguns cachorros, o cheiro bom do banho não dura mais do que quatro ou cinco dias. Por conta disso, os tutores acabam levando o pet para o chuveiro na semana seguinte. Além de trabalhoso, um banho exige cuidados durante e depois, e nem sempre temos esse tempo todo para dar atenção à pelagem do mascote. Uma boa alternativa é o famoso "banho seco", que consiste em colocar talco no seu mascote seguido de uma boa escovação.
Atenção: não vale mergulhar o animal dentro do talco. O produto ajuda a remover algumas impurezas e proporciona um cheiro mais agradável, mas se usado em excesso pode causar espirros e mal-estar no mascote. Use mais no lombo e nas patas traseiras e não esqueça de escovar até remover a cor branca típica do talco. Evite deixar restos do produto no pelo, pois a maioria dos animais se incomoda com isso mesmo que não tenha perfume.
Inimigos do cheirinho de banho tomado
Antes de reclamar da qualidade do banho ou do local onde você costuma levar seu pet, preste atenção se seu mascote apresenta alguns destes sinais:
- Sarna de ouvido. É o cachorro com cheiro de queijo vindo da orelha. Acontece mais em animais com orelhas peludas e voltadas para baixo, como o poodle e o lhasa apso. A sarna de ouvido pode ser discreta e o tutor nem perceber, mas fatalmente encurta o bom odor ocasionado pelo banho;
- Pelo alto. Se seu pet ficar em casa o tempo todo, ótimo, o cheiro permanece por mais tempo. Contudo, quanto mais alto o pelo, maior a possibilidade de acumular odores. Verifique a possibilidade de deixar o pelo do seu mascote mais baixo no inverno. Recorra a uma roupinha se ele sentir frio. Pelagem mais baixa areja mais a pele e seca mais rápido.
- Genitais sem pelos. Para quem não quer diminuir a pelagem do seu cão, procure deixar a região genital sem pelos. Excrementos que passam que entram em contato com os pelos são outra causa que compromete o odor do animal.
- Recolha os dejetos. Deixar jornais sujos na área de serviço ou na sacada contribui para o cheiro das fezes do cachorro tomar o ambiente. Nesse caso, a culpa não é do pelo, mas dos dejetos do animal. Procure sempre deixar o banheiro do seu mascote com jornais ou tapetes descartáveis limpos.
- Tártaros e gengivites. Uma causa comum de mau cheiro em cães é problema na região oro-nasal. Pergunte ao veterinário como anda a saúde bucal do seu mascote. Uma remoção de tártaros pode fazer uma diferença enorme para manter o cheirinho bom do pós-banho.
- Odor no focinho. Muitas vezes o cheiro ruim do seu cachorro é naquele pelo que fica entre os olhos e o nariz. Lhasas têm muito disso. Cães da raça poodle e de pelagem branca são os campeões de terem manchas marrons que escorrem dos olhos em direção à boca, o que também traz um odor azedo. Muitas vezes, tratar a região oro-nasal do seu mascote elimina a necessidade de banho constante. Converse com o veterinário sobre isso.
- Cama suja. Às vezes, o que deve ser modificado é a frequência com que são lavados os cobertores do seu mascote, não o pelo dele. Estes sim devem ser lavados duas vezes por semana e recolocados apenas depois de estarem bem secos.
- Doenças de pele. Há algumas doenças hormonais que podem resultar no enfraquecimento da pele do animal e isso compromete os benefícios de um banho. Dependendo do que seu mascote tem, o banho deve ser medicinal e até com frequência maior do que uma vez por semana. A higiene do pet é aliada ao tratamento de muitas patologias, já que podemos deixar o animal de "molho" por alguns minutos em produtos medicinais. Por outro lado, há situações em que o banho deve ser abolido por longo período de tempo.
Se ainda assim você não se convenceu de que a frequência com que banha seu mascote é satisfatória, converse com o veterinário. Às vezes, a mudança em algum manejo no passeio, na rotina, na higiene da cama ou até mesmo na alimentação pode espaçar a necessidade do banho no pet.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É - histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação". Escreve semanalmente em revistadonna.com.