Algumas pessoas ainda acham que, por terem pelos, os animais de estimação não sofrem com o frio. Engano dos tutores: o inverno afeta o dia a dia dos pets e também pode agravar doenças preexistentes.
Se o seu mascote costuma apresentar dores nos ossos ou nas articulações, é necessário redobrar os cuidados: o frio afeta diretamente cães e gatos idosos. Animais cardiopatas também merecem atenção redobrada na estação gelada. Além disso, qualquer cão e gato, jovem ou velho, pode ter problemas respiratórios por conta das temperaturas muito baixas.
É comum confundir os sinais de que o seu mascote está incomodado com o frio - muitos tutores acham que se trata de meros espirros ou até engasgamento, um "osso" que não quer sair da garganta. Assim como ocorre com os humanos, sinais respiratórios nos pets podem aparecer e desaparecer em questão de dias sem causar maiores transtornos. Contudo, deve-se estar atento à fragilidade não apenas do aparelho respiratório dos mamíferos em dias frio, mas também dos ossos e articulações.
O frio também pode ressecar mucosas, desidratar o animal e consumir toda a energia dele para tentar manter a temperatura corporal em níveis mais adequados à manutenção do sistema. Por isso, é importante protegê-los tanto dos choques térmicos quanto da exposição prolongada ao frio. Os animais mais jovens ainda não têm uma boa camada de gordura para passarem pelo inverno e, por conta disso, também podem ter a saúde afetada na estação. Logo, achar que bicho peludo não passa frio é mito! Cães e gatos precisam de proteção no inverno. Saiba como proteger seu mascote:
Cães de guarda
São os mais propensos a adoecerem em dias frios. Por isso, aumentar o aporte energético é uma boa estratégia: isso é feito quando se aumenta a quantidade de comida oferecida no inverno, algo em torno de 15%. Converse com o veterinário sobre o que pode ser ofertado ao seu mascote de guarda durante a estação, e isso vale para qualquer tamanho e pelagem.
Da mesma forma, dê atenção ao local onde dorme seu guardião. Cobertas no chão não adiantam, já que o animal fica ao relento e com as narinas em contato direto com o frio. Cães de guarda devem ter casas bem fechadas e sem goteiras. A abertura dessa casinha precisa estar livre de correntes de vento. Dê preferência a modelos com portas menores para reter por mais tempo o calor dentro do recinto. Muitas vezes, a casa precisa estar em terreno alto para não correr o risco de alagar em dias de chuva e vento.
Mesmo sendo de grande porte, uma roupa de malha ou soft vai fazer muito bem ao seu cão de guarda, desde que não fique molhada durante à noite - ou servirá apenas para facilitar doença respiratória em seu mascote.
Animais dentro de casa
Os cães de tamanho pequeno que ganharam direito a dividir a casa com seus tutores têm menos chance de sofrer com o frio se comparado aos que pernoitam fora de casa. No entanto, esteja atento ao local que você elegeu para ser a caminha do seu pet. Muitas vezes, o canto escolhido é a cozinha ou a área de serviço, e esses ambientes podem ser mais frios durante à noite. Por ser revestidos por azulejos, nem sempre oferecem o conforto térmico adequado.
As camas do tipo iglu se mostram mais eficazes quando o assunto é manter o calor em volta do mascote. Por mais cobertas que você ofereça ao bichinho, ele dificilmente vai conseguir enfiar-se debaixo delas: o melhor é que ele seja "revestido" por essa proteção. Por conta dessa necessidade, também vale uma roupa - mais larga do que justa - de malha ou soft.
E os gatos?
Gatos não são bobos. Sendo da rua ou de dentro de casa, os felinos costumam eleger um cantinho onde se sentem quentes e acolhidos. Se o seu gato gosta de ficar mais fora de casa, favoreça o acesso a um lugar bem protegido e quentinho, geralmente escolhido por ele - mas certifique-se de que o bichano não vai levar um tombo feio enquanto dorme nem ser surpreendido por chuva ou vento. Nada deve interromper a segurança do local escolhido. Se for um gato que vive dentro de casa, não se preocupe tanto com o frio - ele sabe se proteger -, mas esteja atenta às rajadas de vento quando forem abertas portas e janelas.
A hora do perigo
Mesmo com todos esses cuidados, seu pet pode sofrer com o frio na hora do banho e depois. Deixar seu mascote molhado por muito tempo depois do banho afeta muito a saúde do bichinho, ainda mais no inverno. Além disso, quando se fala de animais peludos, você pode favorecer o surgimento de fungos nos pelos e na pele do mascote. Na estação gelada, redobre os cuidados na hora do banho. Não use água fria nem permita que seu mascote pegue vento ou frio após sair da água quente.
Outro erro dos tutores é passear com seus cães desprotegidos quando a temperatura está muito baixa. É realmente necessário sair em dias gelados e com vento? Em caso positivo, escolha uma roupinha que deixe seu cão bem protegido - não apenas as costas, mas também pescoço e pernas. Também considere reduzir o tempo de exposição e evite áreas abertas como praças e ruas em que o vento bate direto no focinho do seu mascote. Se o animal for mais velho, é melhor pensar na possibilidade de fazer as necessidades sobre um jornal no piso da cozinha ou eleger um gramado fora de casa, a curta distância, para atender a mesma finalidade.
Vacina para a gripe
A vacina para a gripe canina que está disponível no mercado pet não impede um cachorro de ficar doente quando exposto a baixas temperaturas. Contudo, se o seu mascote vive com outros cães ou se costuma se socializar em parques, é interessante conversar com o veterinário sobre a proteção extra conferida com essa vacina. Bactérias patogênicas que porventura estejam no focinho de um cachorro podem ser passadas para o outro animal - esses micro-organismos indesejáveis costumam explicar o súbito aparecimento de espirros e tosse no seu mascote nos dias seguintes a esse contato. Uma vez contaminado, seu mascote pode transferir a doença para outros cães da casa.
Vacinas de inverno
Em razão da imunidade, que pode ficar comprometida em dias frios, é interessante conversar com o veterinário sobre o que pode ser reforçado em seu mascote nessa época do ano. Dependendo do estado nutricional e de seu histórico de saúde do animal, alguma dose pode ser reforçada.
Essa atenção vale - e muito! - para os gatos, em especial aqueles que costumam passear fora de casa. Felinos também podem adquirir doenças ao ter contato com animais que vivem exclusivamente nas ruas. Converse com um profissional sobre o programa de vacinação felina mais eficaz ao estilo de vida do seu mascote. Mantenha a vacinação em dia. Esta é uma ferramenta eficaz para fortalecer seu mascote e evitar doenças.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.