Em tempos de distanciamento social, não é raro sentir falta de mais companhia em casa e bate forte a vontade de ampliar a família pet. Mas e quando o recém-chegado é o arqui-inimigo do então rei do lar? O que fazer? Sim, estamos falando de introduzir um gato no convívio canino ou o contrário, um cachorro na pacata e serena vida de um gato que passa o dia dormindo em cima do sofá. Quando a vontade supera o medo - ou você é a herdeira do novo pet -, acredite, não tem mais jeito. Agora é saber como fazer essa chegada algo menos traumático e até divertido.
A amizade entre um cão e um gato pode existir sim e há vários relatos de tutores que conseguiram viver harmoniosamente com duas espécies bem distintas, que não apenas respeitaram seus espaços, mas o compartilharam de forma mais voluntária do que a imposta por seus tutores. Saiba o que fazer:
Bom senso
A melhor de todas as dicas é o velho e inabalável bom senso. De onde veio esse novo mascote? Ele é adulto ou filhote? Tem cinco vezes o tamanho do outro companheiro? Veio cheio de traumas por agressões de outros animais ou foi criado por um casal de idosos tranquilo? Todas essas perguntas são importantes para se ter uma ideia do que pode acontecer quando você chegar em casa com o "pacote novo";
Test drive
Passar alguns dias em sua casa sem o compromisso de ficar desde a primeira visita também não deixa de fazer parte do bom senso. Se seu primeiro mascote fizer a maior greve de fome já é forte indício de que vocês terão problemas. Pense melhor a respeito disso;
Tamanho
Embora tamanho não seja documento - cães de grande porte podem dormir agarradinhos com seus gatos -, sempre é bom tomar cuidado quando o tamanho acompanha tenra idade. Se você pensa em levar um filhote de Labrador para uma casa onde existe um gato, uma simples mordidinha de brincadeira pode desencadear um pandemônio na sua sala. Cães grandes e jovens costumam levar alguns meses para entender que o tamanho deles pode atrapalhar a vida do primeiro mascote da casa;
Atenção em dobro
Procure não descuidar da atenção àquele que até agora tinha todas as suas atenções de forma exclusiva. Parece bobagem, mas não é. Mascote antigo deixado de lado em função do novo pet dá uma dor de cabeça danada para o tutor. Ele pode realmente adoecer em função da insegurança. É importante que o primeiro mascote tenha sua importância atestada e sua rotina mantida.
Cuidado com as unhas
Se cachorro grande não se dá conta de que pode esmagar um gato, o mesmo vale para um gatinho que chega em uma casa onde já existe um cachorro. Brincadeiras ou até pequenos desentendimentos podem fazer com que o gato use as unhas com vontade para cima do cachorro. Às vezes, acontecem cortes feios;
Mascote antigo deixado de lado em função do novo pet dá uma dor de cabeça danada para o tutor
Paciência
Se os mascotes passaram pela primeira noite e o primeiro dia sem grandes atropelos, ainda assim o tutor deve ter uma boa dose de paciência antes de relaxar a guarda de vez. Isso porque todos os dias surgem novas situações e os animais vão se adaptando a elas, criando uma nova hierarquia, conhecendo os limites um do outro, o que pode levar algumas semanas;
Cio
Muito cuidado se o novo integrante da família pet é uma fêmea. Mesmo de espécie distinta, o odor do cio pode influenciar o comportamento do outro animal, seja macho ou fêmea; cães são particularmente sensíveis aos odores do ciclo estral e podem até se tornar mais agressivos. Sendo assim, mesmo depois de adaptados você pode ter surpresas quando vier o cio e voltar à estaca zero. Verifique se o animais são castrados, isso pode trazer mais tranquilidade para o dia a dia.
Não deu, mas eu quero mesmo assim
Existem casos em que, embora condenados ao fracasso, os animais precisam viver sob o mesmo teto. Isso acontece com mais frequência do que se imagina, ainda mais quando o segundo animal é de um familiar que falece ou de um filho que precisa estudar no exterior, por exemplo. Quando é assim, talvez o melhor a se fazer é realmente criar os animais separados, um no quintal, outro na frente da casa. Colocar cerquinhas impedindo a aproximação de um e de outro também é uma solução. Esse afastamento mecânico pode até auxiliar os animais a se suportarem lentamente, mas se estamos falando de um cachorro que não pode ver um gato que já quer meter os dentes, a aproximação talvez nunca será testada se esse comportamento já faz parte do arquétipo mental dele.
Cuidados especiais:
Esteja ciente de que animais idosos podem se sentir extremamente inseguros com a chegada do novo companheiro. Contudo, alguns, devido ao seu temperamento mais tranquilo, realmente não parecem se incomodar com a nova presença;
Explique a filhos e netos que frequentam a casa que uma nova rotina foi estabelecida, mas que ninguém deve deixar de lado o animalzinho de mais tempo na casa;
Saiba o momento de desistir e nunca deixe animais que se mostram estressados com a nova situação sozinhos um com o outro sem supervisão; eles podem se ferir com gravidade;
Se o segundo mascote foi resgatado das ruas, certifique-se de que recebeu cuidados médicos e vacinas. Vermes, pulgas, parasitas e outras doenças podem passar de uma espécie para a outra;
Na dúvida, procure os serviços de um adestrador;
Não subestime uma briga e nunca dê as costas quando os animais estão brigando. Alguns acham que eles estão se entendendo, mas podem estar se machucando;
Por fim, e igualmente importante, busque esclarecimentos sobre como apartar os animais sem colocar as mãos no meio da briga. Você pode sair mordido ou arranhado.