No começo do mês de março, depois do definitivo retorno às aulas e da correria do dia-a-dia, muita gente olha para seu mascote e volta a remoer aquela velha culpa de deixar o bichinho sozinho em casa. A ideia de ter um novo companheiro, no entanto, pode assombrar os demais integrantes da casa nem tão adeptos assim a tropeçar em dois mascotes pelos corredores toda vez que vai até a sala.
Mas será mesmo que seu pet está a fim de ter companhia? Abaixo algumas observações que você tem que levar em conta sobre a suposta solidão que seu mascote pode estar sentindo.
Cachorro ou gato, quem sofre mais?
Já é do conhecimento da maioria que gatos são animais mais territorialistas e, por conta disso, não costumam se importar quando o assunto é viver só. Há quem diga até mesmo que eles preferem usufruir do ambiente de forma solitária. Algo como a "casa é minha" e pronto. Contudo, muitos tutores desconfiam que aquele gato que não para de miar na hora de você sair de casa é um gato que quer companhia. Preste atenção que isso pode ser apenas ansiedade de separação, ou seja, aquela sensação de mal-estar que precede a saída de casa e não necessariamente por solidão.
Cães, por sua vez, sofrem mais dessa ansiedade do que gatos, razão pela qual tutores de caninos são os campeões das dúvidas sobre a real necessidade de dois mascotes em casa.
Uivos frequentes
Uivos frequentes são um bom indício de que seu pet está sentindo solidão. Um cachorro parado na porta com a cabeça para cima e soltando uivos é uma das mais claras demonstrações de que ele não se sente bem sozinho.
Choradeira para despedida
Uma coisa é seu pet se sentir só. Outra é ele sentir a sua falta. Tem animal que realmente não gosta de se sentir sozinho, mas outros não gostam que você saia de casa, um desapontamento que pode também ser atenuado com a presença de outro mascote. Você pode fazer um teste deixando algumas horas o cachorro do vizinho na sua casa, por exemplo, e verificar se a choradeira não cessa com a companhia.
Xixi pela casa toda
Estar carimbando todos os tapetes da casa não é sinal específico de solidão. Animais podem gostar de marcar seu território, podem eleger determinado objeto para banheiro (como sofá e tapete) ou podem simplesmente estar perdidos quanto a saber onde é mesmo o lugar correto de fazer pipi. Contudo, dentro de um contexto, urinar pela casa pode ser uma forma de chamar sua atenção para outras situações e uma delas pode ser a solidão.
Comer pouco
É do conhecimento de muitos veterinários que dois animais juntos se alimentam melhor do que um sozinho. Isso porque é exercida uma certa competição entre os companheiros na hora da refeição. Algo como se eu não comer, ele come. Animais vivendo em dupla costumam ser mais gordinhos se comparado àquele que vive sozinho e isso pode ajudar seu pet a ser mais saudável.
Roer tudo
Assim como urinar pela casa, roer objetos por si só não significa um animal solitário. Filhotes podem apresentar o triste hábito de comer a casa toda, como é sabido nos labradores e cockers. Contudo, pode haver casos em que o mascote se entretém com o companheiro e não perde tanto tempo roendo objetos.
Realmente só
É, tem cachorro que a gente chega em casa e já percebe que ele está cansado de ficar só. Animal que fica amuado em um canto e não vem receber o tutor pode estar chateado com a mesmice das coisas. E animal triste é mais propenso a adoecer.
Se seu pet tem uma mistura de tudo que foi citado aqui ele é candidato a se dar bem com a companhia de outro.
Quem colocar para ser o segundo pet da casa?
A questão de colocar outro mascote na casa para atenuar a solidão do mais velho deve ser algo bem avaliado porque o tiro pode ser no pé. Colocar um cachorro grande junto com um pequeno, ou um gato mais velho com um mais novo pode piorar a rotina da casa e até desagradar o mascote, foco de sua atenção.
- Um pet novo pode trazer desavenças com o pet antigo por espaço e comida a ponto de se ferirem.
- Não basta apenas colocar um companheiro, tem de saber o que colocar. Cão pequeno com cão pequeno, gato amável com gato amável, animal tranquilo com animal tranquilo. O que não quer dizer que um agitado não se dê bem, apenas deverá aprender a respeitar o espaço - e os momentos - do outro.
- A preferência - e a opinião - dos demais moradores da casa também deve ser levada em conta.
- Tenha em mente que macho e fêmea costumam se dar bem, mas é interessante alguém ali ser castrado se o desejo é paz na casa. Isso vale para cães e gatos.
- Cachorro mais novo colocado em um lar onde habita um mais velho é realmente uma incógnita porque tem a ver com o temperamento de ambos. Pode ser tiro certo ou um desastre total.O ideal é fazer um teste antes de optar definitivamente pela vida em dupla.
- Animal que se esconde do outro, tanto faz o novo ou o velho, é um sinal de que as coisas não estão indo bem.
- Dê um período de duas semanas para ver como os dois se adaptam e separe imediatamente se houver brigas.
- Peça ajuda a um adestrador. Ele tem mais experiência nesses assuntos.
- Por fim, muito cuidado em não potencializar o estresse no animal antigo colocando outro mais fofinho e disposto no lar. As crianças da casa tendem deixar de lado o antigo pelo novo, o que pode causar ressentimentos.
Daisy Vivian é diplomada pela UFRGS em Medicina Veterinária e Jornalismo. É autora dos livros "Cães e Gatos Sabem Ajudar Seus Donos" e "Olhe-me nos Olhos e Saiba Quem Você É", histórias reais sobre pessoas e seus animais de estimação. Escreve semanalmente em revistadonna.com.