Seu filho com certeza já mordeu ou será alvo das mordidas na escola. Fato! E essa fase geralmente é um assunto que sempre causa desconforto. Os pais da criança que mordeu se sentem constrangidos e culpados, enquanto a família da criança que foi mordida se sente agredida e se questiona em relação aos cuidados que o filho está recebendo no ambiente escolar.
A psicóloga Solange Truda explica que, em primeiro lugar, é importante que se saiba que esse comportamento de morder faz parte do desenvolvimento e é normal até os três anos de idade e passa quando a criança adquire novas habilidades.
– O bebê entra em contato com o mundo através da boca. É seu modo de reconhecer objetos, experimentar, sentir, por isso sempre que se interessa por algo quer levar a boca. Também a utiliza para rejeitar ou aceitar alimentos, se comunicar, sorrir, chorar, balbuciar, etc.
As mordidas também são uma forma de comunicação e de se conhecer o outro. A princípio, as crianças não sabem avaliar as consequências de suas mordidas e nem a força que podem colocar. Muitas vezes, o ato de morder é um modo de estar perto do amigo que gostam ou de partilhar uma intimidade como comer alguma coisa gostosa.
– Nessa fase, a criança ainda está acostumada a ter seus desejos atendidos prontamente. Elas são egocêntricas e é muito comum demostrarem sua insatisfação através de mordidas ou empurrões enquanto não aprendem a falar direito. Dizemos que, enquanto a criança não tem domínio da linguagem oral, ela manifesta suas emoções através da linguagem corporal – explica a psicóloga.
Cada criança tem seu modo de reagir diante do que sente e do que acontece ao seu redor. Quando contrariadas ou nas disputas por brinquedos, alguns choram, outros esperam que um adulto ajude e outras reagem mais intensamente, batendo ou mordendo. É preciso ter calma quando acontecer este tipo de comportamento. Conversar com a criança, mostrar que dói. Com o tempo, conforme a criança vai aprendendo a se comunicar melhor através da linguagem, começa a trocar as mordidas pelas palavras, conseguindo, aos poucos, organizar e expressar seus sentimentos e insatisfações de outra maneira.
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Vanessa Martini é mãe do Theo e jornalista. Tem um blog, o Mãezinha Vai Com As Outras, onde divida a rotina e os aprendizados da maternidade. Escreve semanalmente sobre o assunto em revistadonna.com.