Ananda, integrante do grupo Melanina Carioca, se pronunciou nesta quinta-feira (28) sobre as ofensas racistas proferidas por Ana Paula Minerato em um áudio, que vazou nas redes sociais no início da semana.
A artista registrou uma queixa formal contra a modelo e definiu o episódio como "infeliz parada dolorosa". Apesar de ter sido a vítima direta das ofensas, ela disse que Ana Paula "cutucou um negócio muito maior".
— Estou aqui para a gente conversar um pouco sobre o que aconteceu, essa infeliz parada dolorosa que com certeza não afetou só a mim — começou ela.
Na sequência, a cantora relembrou as ofensas e afirmou que está "muito chateada por ter sido cutucada e exposta":
— Fui vítima disso por conta dos meus traços de africanidade, onde ela fala sobre minha família, fala sobre meus pais, fala sobre minhas tias, fala sobre meu grupo, meus colegas de trabalho. E eu estou muito chateada de ter sido cutucada e exposta dessa forma. Eu sou bem reservada, bem na minha, embora vocês todos conheçam uma música potente, forte. Sou potente, forte, mas eu sou na minha, eu sou mais introvertida, então isso para mim vai ser positivo, porque a gente vai poder falar sobre isso.
Em outro trecho, Ananda citou o pedido de desculpas publicado por Ana Paula, mas ressaltou que o assunto tem que ser visto como um crime, dada a seriedade do assunto.
— Se é para dar palco para isso, que seja, mas não era a minha vontade. Pare de falar um pouco que eu estou me aproveitando dessa pauta, porque não é sobre isso, não é mais sobre mim. Não se distraia, foque no que é realmente importante, que é falar sobre isso. Foram palavras racistas que foram direcionadas a mim, é uma pessoa racista, ela cometeu um crime. Ela fez um pedido de desculpas, mas cometeu um crime e isso tem que ser visto como um crime, dando a seriedade que o assunto tem — concluiu.
Na legenda da publicação, a artista salientou o quão difícil foi fazer o pronunciamento:
"Foi muito difícil fazer esse pronunciamento mas resolvi fazê-lo trazendo uma dose de letramento racial e um pouco da minha história. O que não podemos mais é aceitar que atitudes racistas fiquem impune. Racistas não passarão! Quero justiça e destinarei o valor da indenização para projetos de educação antirracista e de gênero".