O príncipe Harry, filho mais novo do rei Charles III, foi acusado por especialistas em família real, nesta sexta-feira (6), de querer "arruinar" a monarquia com as explosivas revelações contidas em seu livro de memórias. A obra, repleta de detalhes privados sobre a vida da família, acusações e reprovações, foi acidentalmente posta à venda por algumas horas na quinta-feira (5) por uma rede de livrarias espanholas, o que permitiu que tabloides britânicos a adquirissem.
Intitulada Spare, a autobiografia será lançada mundialmente em 10 de janeiro, em contexto de forte tensão na monarquia.
A família real se esforça para modernizar sua imagem desde a morte de Elizabeth II em setembro, mas está envolvida em polêmicas, que incluem comentários racistas de uma madrinha do príncipe William, irmão mais velho de Harry e herdeiro do trono.
Todos os lados do espectro político criticaram as revelações do príncipe, que em 2020 abalou a monarquia quando ele e sua esposa, a atriz americana Meghan Markle, anunciaram que estavam deixando suas funções como membros da realeza e foram morar nos Estados Unidos. O casal alegou que a pressão da mídia e da família era insuportável.
"Ninguém escapa da missão brutal de Harry de arruinar a família", foi a manchete do jornal de esquerda Daily Mirror.
"Tendo tomado a decisão estúpida de 'tornar públicos' seus desentendimentos com a família real, Harry estava, sem dúvida, sob enorme pressão (...) para cuspir o máximo de veneno possível", escreveu o jornal Daily Mail.
O The Sun enfatizou que, embora os britânicos tenham simpatizado durante anos com o príncipe pelo trauma de perder sua mãe, a princesa Diana, quando criança, "ninguém pode justificar o caminho destrutivo e vingativo que ele escolheu, jogando sua própria família debaixo de um ônibus por milhões de dólares".
Revelações
O príncipe afirma, simplesmente, querer explicar sua "verdade" sobre o que aconteceu em sua vida. Ele menciona no livro, por exemplo, que Charles III fazia piadas "sádicas" sobre o "verdadeiro" pai de Harry, que cresceu ouvindo rumores sobre sua semelhança com James Hewitt, amante de Diana.
Outros detalhes incluem como perdeu a virgindade com uma mulher mais velha em um campo atrás de um pub, seu uso de cocaína na adolescência, as 25 pessoas que ele matou durante suas missões militares no Afeganistão ou a mulher, que ele se abstém a chamar de "médium", que lhe permitiu entrar em contato com sua falecida mãe.
Ele também acusa William e sua esposa, Kate Middleton, de tê-lo encorajado a se fantasiar de nazista quando tinha 20 anos, em um episódio que gerou um grande escândalo na monarquia.
Na opinião de Richard Fitzwilliams, especialista em família real, "o pior" do livro é "a forma como William é apresentado". "Alguém que traiu a sua confiança (...) alguém que realmente o atacou. Não é um retrato muito lisonjeiro para um futuro rei", sublinha.
Embora, segundo fontes citadas pelo The Sun, Charles III e William estejam tristes com essas acusações, o Palácio de Buckingham não comentou o assunto.
"Por um lado, quando algo não é desmentindo, as pessoas começam a acreditar", afirma Fitzwilliams. "Por outro, a família real tem um verdadeiro problema: como administrar essa situação?"
No momento, já parece improvável que Harry e Meghan estejam com a família na pomposa cerimônia de coroação do novo rei, marcada para 6 de maio na Abadia de Westminster.