A atriz e diretora Lena Dunham (criadora da série Girls, da HBO), 36 anos, recentemente deu declarações sobre sua experiência com a endometriose e a histerectomia pela qual passou, que a impede de gerar um filho. Além dos temas delicados, Lena também teceu críticas à forma como seus médicos a orientaram no período em que ela mais necessitava de ajuda em relação à doença.
Lena decidiu abordar o tema durante participação no podcast Reign with Josh Smith. Ela relatou que, a partir da endometriose, passou a ter dores na região pélvica, que a atrapalhavam durante as relações sexuais. Segundo ela, os profissionais a quem recorreu não se mostraram disponíveis a ouvir suas queixas e a encontrarem diagnóstico e tratamento adequados.
— Me disseram que eu era sensível, que eu precisava me recompor ou que precisava apenas relaxar — relatou Dunham, segundo o Daily Mail. — Alguém disse: "Só tome um copo de vinho antes de fazer sexo, você vai ficar bem".
— Quero dizer, me falavam coisas que me deixavam pensando: "Essa pessoa deveria ter sua licença médica retirada". Porque eles eram médicos da saúde da mulher e não conseguiam ouvir uma mulher com dor — explicou a diretora.
Para a artista, uma grande preocupação envolve pessoas que lidam com esse tipo de problema ao buscarem atendimento médico para assuntos tidos até hoje como tabu:
—As pessoas não querem explorar o que está acontecendo quando se trata da saúde de homens gays ou de nossos amigos trans. O sistema médico é realmente projetado para homens brancos heterossexuais — afirmou.
Segundo informações da Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, a endometriose ocorre quando as células do tecido que reveste o útero (chamado endométrio) se movimentam no sentido errado e acabam caindo nos ovários ou na cavidade abdominal em vez de serem expulsas durante a menstruação. Além da dor durante relações sexuais, entre os sintomas também estão: cólicas fortes, dor e sangramento ao urinar e evacuar, fadiga, diarreia e dificuldades para engravidar. O tratamento pode ser realizado por meio de medicamentos que interrompem a menstruação e, em caso de lesões maiores, há possibilidades de remoção com cirurgia.
Para o caso de Lena Dunham, a solução foi realizar uma histerectomia em 2018, que consiste em uma operação para remover o útero. A atriz ficou com um ovário após o procedimento, e decidiu tentar uma fertilização in vitro para poder conceber um filho – contudo, não obteve êxito.
Depois de passar pela histerectomia, a artista teve um artigo seu publicado na Vogue americana, no qual refletiu sobre a decisão. "A adoção é uma verdade emocionante que perseguirei com todas as minhas forças. Mas eu queria aquela barriga. Eu queria saber como seriam nove meses de união completa", ela disse na época. "Fui designada ao trabalho, mas não passei na entrevista. E tudo bem. Mesmo. Posso não acreditar agora, mas em breve acreditarei. E tudo o que restará é minha história e minhas cicatrizes, que já estão desbotadas o suficiente para serem difíceis de encontrar."