Elas exploraram sua sexualidade, incursionaram por drogas recreativas, tiveram desilusões profissionais e a ampla gama de problemas amorosos característicos da atualidade. Em 2012, as garotas de Girls tinham lá seus 20 e poucos anos e lutavam para se virar em meio aos hipsters do Brooklyn – tudo isso enquanto tentavam descobrir quem eram e o que as fazia feliz.
Cinco anos depois, a saga de Hannah, Marnie, Jessa e Shoshanna recuperou-se de rompimentos, crises de ansiedade, bloqueio criativo e casamentos frustrados. Era de se esperar que, às vésperas de estrear sua última temporada na TV, as gurias tivessem chegado a algum lugar em suas respectivas jornadas de heroínas pós-modernas. Mas o legado da série criada e estrelada por Lena Dunham – que a alçou a ícone feminista e presença quase constante no debate sobre o que significa ser mulher no atual momento – foi justamente este: o de que ninguém nunca está com a vida resolvida, não importa o que transpareça.
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Logo que Girls foi ao ar, houve um tempo em que era praticamente impossível navegar pela internet sem encontrar alguma grande discussão pautada pelo seriado, fosse pela visão de Lena, fosse sua disposição a mostrar seu corpo “mulher real” às câmeras em cenas de sexo nem sempre de muito bom gosto. No desenrolar da história, o seriado passou de mero provocador de debate – resistindo aos artigos que questionavam se ele seria um novo retrato do feminismo na atualidade ou um exercício megalomaníaco de egocentrismo – para cristalizar-se como uma espécie de romance de formação da confusa geração que retrata.
Na quinta temporada, Lena tornou Girls bem menos sobre garotas e seus caprichos. Habilmente, ela desviou o foco para os defeitos, as ânsias e os fracassos de cada uma de suas personagens. E deve ser em uma pegada de crescimento forçado que o seriado chegará ao fim. Nos novos episódios, Hannah (Lena) recebe algum reconhecimento da comunidade de escritores após publicar um artigo sobre perder seu ex-namorado Adam (Adam Driver) para sua melhor amiga, Jessa (Jemima Kirke).
Já Marnie (Allison Williams) tenta um retorno à vida de solteira depois do malfadado casamento com Desi (Ebon Moss-Bachrach), mas acaba voltando a ter um relacionamento com Ray (Alex Karpowski), ex-namorado de Shoshanna (Zozia Mamet). Ao mesmo tempo, tenta encontrar seu espaço e não repetir antigos padrões de comportamento.
Se você está na expectativa, no entanto, de que o seriado aproveite seus momentos finais para fazer um balanço da relação de suas quatro protagonistas – seriam elas amigas ou apenas um grupo de pessoas que se toleram? –, não perca tempo. As garotas passarão pouquíssimo tempo juntas na história. Espere momentos de estranheza característicos do que se tornou a dramaturgia da série da HBO.
Espere nudez constrangedora e tramas que caracterizem o desespero de quem tem tudo para se encontrar, mas não consegue. Mas não aguarde que, em seu fechamento, o quarteto de garotas do Brooklyn finalmente consiga descobrir o que é melhor para si: o mérito de Girls continuará sendo mostrar que a única constante na vida é a insatisfação.
GIRLS
Estreia da sexta e última temporada
Na madrugada de domingo para segunda, à 1h, na HBO