Desde o dia 11 de abril, um tribunal nos Estados Unidos tem chamado a atenção da mídia. Os atores Johnny Depp, 58 anos, e Amber Heard, 36, que foram casados até 2016, brigam na Justiça após diversas acusações de ambos os lados e pedidos de indenização.
No ano da separação, Amber pediu uma ordem de restrição contra o ex-marido, alegando que ele a agredia devido ao uso exagerado de álcool e drogas. Em dezembro de 2018, a atriz escreveu um artigo de opinião no jornal The Washington Post em que afirmava ser uma sobrevivente de violência doméstica de uma figura pública, sem citar o nome do ator. Por conta disso, Depp afirma que foi difamado e processa Amber em US$ 50 milhões (cerca de R$ 233 milhões) por difamação. Ela, por sua vez, rebate e pede US$ 100 milhões (cerca de R$ 502 milhões).
Em 2020, em Londres, o ator também processou a editora do jornal The Sun por um artigo que o apresentava como um marido violento. Depp admite ter abusado de drogas e álcool, mas insiste que nunca bateu em uma mulher. A justiça britânica decidiu a favor do The Sun, considerando que "a grande maioria dos supostos ataques foi comprovada".
Entenda as acusações que foram reveladas ao longo das disputas jurídicas.
O que ela diz
Na época do divórcio, a imprensa internacional repercutiu fotos de ferimentos da atriz que teriam sido causados por essas agressões. Ela afirma que, em um dos episódios, Depp chegou a quebrar um celular em seu rosto. No tribunal, os advogados da atriz afirmaram que o ator "se transformava em um monstro" quando estava em estados alterados, com ataques de raiva, que geralmente terminavam em agressões físicas, verbais e sexuais. Ainda segundo os advogados, Amber costumava carregar consigo um kit de maquiagem para esconder os hematomas causados pelo marido.
Em 2013, quando ainda eram namorados, Depp falou de forma agressiva sobre ela em uma troca de mensagens com um amigo, o ator Paul Bettany, o Visão dos Vingadores. Na conversa, apresentada à Justiça pelos advogados de Amber, Depp ameaça matar, queimar e estuprar o corpo da então namorada. No tribunal, ele afirmou que disse essas coisas porque estava com raiva, mas que não se orgulha disso.
Outra prova apresentada pelos advogados de Amber é um áudio da época do casamento com Depp, em que ela dá a entender que ele está apagando cigarros nela. O ator negou que tenha feito isso e disse que Amber exagerou na gravação.
Além disso, também foi anexado ao processo um vídeo em que Depp aparece batendo portas de armários na cozinha da casa onde os dois moravam quando eram casados. Em depoimento, Depp reconheceu que as imagens são verdadeiras, mas afirmou que, apesar de ter batido as portas, não encostou na então esposa.
O que ele diz
O artista nega as acusações de agressão e diz que, na verdade, foi ele quem pediu o divórcio e que Amber só fez as acusações de violência por vingança. O artista alega ainda que foi ele a vítima de violência na relação. De acordo com os relatos do artista, sua ex-esposa frequentemente perdia o controle e, uma vez, jogou uma garrafa de vodca nele. Neste episódio, de acordo com relato do próprio Depp, ele precisou de atendimento médico urgente porque teve a ponta de um dos dedos decepada. A atriz negou que isso tenha acontecido e disse que só jogou coisas no marido para tentar escapar nos momentos em que ele se tornava agressivo.
Travis McGivern, membro da equipe de segurança de Depp, depôs na segunda-feira (2) e disse que testemunhou uma discussão entre o casal em sua cobertura em Los Angeles, na qual Amber deu um soco no rosto de Depp, lançou uma lata de bebida e cuspiu no ator. O guarda-costas disse que escoltou Depp "para a segurança dele":
— Era hora de fazer o meu trabalho e tirá-lo de lá — relatou.
Em 2020, no processo no Reino Unido que Depp perdeu após processar o The Sun por ser o chamado de "espancador de esposas", o ator disse que, durante uma briga do casal, Amber fez cocô na cama onde eles dormiam. Fotos das fezes foram apresentadas no tribunal.
A atriz negou e disse que o cocô era dos cachorros. Em depoimento, uma das funcionárias da casa falou que as fezes eram "claramente humanas".
No processo atual, que corre na Justiça dos Estados Unidos, Depp contratou uma psicóloga para analisar o caso. Em depoimento no tribunal, ela disse acreditar que Amber tem transtornos de personalidade e as características deste quadro incluem "muita raiva interna e hostilidade", "estados de ânimo flutuantes" e a tendência a "reagir violentamente".
Reputação manchada
O resultado negativo da briga jurídica se reflete na carreira de ambos os artistas. Em novembro de 2020, Depp disse que foi "convidado pela Warner a renunciar ao papel de Grindewald" na franquia Animais Fantásticos. Três vezes indicado ao Oscar — Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2003), Em Busca da Terra do Nunca (2004) e Sweeney Todd (2007) —, o ator havia participado de Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016) e Os Crimes de Grindewald (2018). Para Os Segredos de Dumbledore (2022), foi substituído por Mads Mikkelsen.
Na segunda-feira (2), o agente do ator, Jack Whigham, afirmou que Depp ganharia US$ 22,5 milhões pelo sexto filme da franquia Piratas do Caribe, mas, depois que foi acusado de violência doméstica, a Disney descartou o projeto. Whigham, que prestou depoimento por vídeo, disse que a coluna de Amber no The Washington Post foi "catastrófica" para a carreira de Depp em Hollywood.
Já a atriz perdeu tempo de tela e aparece em apenas 10 minutos do filme Aquaman and The Lost Kingdom. A informação é da repórter Grace Randolph, do portal Rotten Tomatoes. Em meio ao escândalo, fãs do ator fizeram uma petição pedindo a saída de Amber do elenco de Aquaman, que, segundo a revista norte-americana Dailymail, já ultrapassa 2 milhões de assinaturas.
A personagem da atriz, Mera, é a rainha de Atlântida e esposa do Aquaman. Após os cortes, a personagem aparece por menos de 10 minutos em todo o filme. Aquaman and The Lost Kingdom deve chegar aos cinemas em 2023, ainda sem data definida.
Após a petição, fãs da atriz alegam que Mera já teria pouco tempo de tela em Aquaman e a situação não teria sido modificada após o julgamento. A Warner decidiu não se pronunciar sobre o contrato com Amber Heard até o fim da batalha judicial.