O ator americano Johnny Depp, 58 anos, disse na terça-feira (19) que nunca agrediu mulheres, ao depor nos Estados Unidos como testemunha no julgamento por difamação contra a ex-esposa Amber Heard. O artista ainda afirmou que as acusações de agressões físicas feitas contra ele eram cruéis e preocupantes e que não eram baseadas em verdades.
— Houve discussões e coisas assim, mas nunca cheguei ao ponto de bater em Amber de forma alguma — disse o artista ao júri no Tribunal do Condado de Fairfax, em Virgínia, perto de Washington.
Um dos advogados do ator perguntou a Depp por que ele havia aberto o processo de difamação contra a ex-mulher.
— Era minha responsabilidade me defender, não apenas por mim, mas também pelos meus filhos. Queria limpar meus filhos dessas coisas horríveis que eles tinham que ler sobre seu pai, que não estavam corretas — justificou.
Ação contra danos morais
Johnny resolveu abrir o processo depois que a ex-mulher escreveu uma coluna para o The Washington Post em dezembro de 2018 na qual se descreveu como uma figura pública que representa o abuso doméstico. Apesar da atriz nunca ter citado o nome do ex-marido, Deep a processou por considerar que o texto sugeria que ele era um agressor. O artista solicitou 50 milhões de dólares em danos morais.
Depp ainda acusa Amber de ter tentado buscar publicidade antes da estreia do filme Aquaman, em que ela protagonizou em 2018. Já a atriz, que foi casada com Depp de 2015 a 2017, respondeu entrando com uma ação reivindicando o dobro, 100 milhões de dólares, alegando que sofreu violência física e abuso desenfreados nas mãos dele.
Julgamento
O julgamento chegou ao seu quinto dia. O ator de Piratas do Caribe compareceu ao local usando um coque e vestindo um terno preto com camisa preta e gravata com estampa floral.
Enquanto Depp falava com a voz de forma pausada e gesticulava, Amber ouviu atenta, sem esboçar reações. Os advogados da atriz afirmaram que Depp se tornou um "monstro" devido ao uso de drogas e álcool e que teria agredido a atriz fisicamente e sexualmente.
O ator contou que experimentou drogas aos 11 anos, quando roubava comprimidos para os nervos de sua mãe, que o maltratava.
— Tomei substâncias ao longo dos anos, de vez em quando para afastar os fantasmas, os espectros, que me acompanhavam desde a juventude. Essencialmente, foi apenas automedicação — explicou o ator.
Johnny ressaltou, no entanto, que não é um "maníaco" que precisa estar drogado o tempo todo, e afirmou que a forma como é descrito pela atriz é falsa. O ator também foi questionado sobre o início do seu relacionamento com Amber.
— Ela era amorosa, era como se fosse boa demais para ser verdade. Em cerca de um ano e meio, havia quase se tornado outra pessoa — relatou.
Os advogados do ator afirmam que as acusações tiveram um impacto devastador na carreira do ator em Hollywood. Ele teve que desistir de seu papel como Capitão Jack Sparrow em Piratas do Caribe e foi cortado da sequência do filme Animais Fantásticos, baseado no livro da autora de Harry Potter, J.K. Rowling.
Antes do depoimento de Deep, um membro de sua equipe de segurança, Sean Bett, e Keenan Wyatt, que trabalhou como engenheiro de som em muitos de seus filmes, também deram suas versões sobre o caso. Ambos afirmaram que nunca viram o ator ser violento e Bett relatou que já presenciou uma situação em que Amber atirava uma garrafa d'água ou um copo plástico no ator.
Em outro caso envolvendo os conflitos do ex-casal, o ator alega que a atriz decepou seu dedo médio após atingi-lo com uma garrafa quebrada.
Em 2020, Depp perdeu um processo por difamação em Londres contra o tablóide The Sun, que o chamou de "espancador de esposas".
O ator apresentou a queixa contra a ex-esposa na Virgínia porque o Washington Post é publicado lá, mas não está processando o jornal. O estado possui leis antidifamação que são consideradas mais favoráveis aos demandantes do que as da Califórnia, onde os atores moram.