O príncipe Andrew pediu para ser julgado por um júri civil em Nova York para se defender das acusações de suposta agressão sexual contra uma menor norte-americana há mais de 20 anos, anunciaram seus advogados nesta quarta-feira (26).
"Pela presente, o príncipe Andrew exige um julgamento por júri sobre todos os casos estabelecidos na ação", escreveu seu advogado em uma moção.
Sua acusadora, Virginia Giuffre, hoje com 38 anos, disse ter mantido relações sexuais com o príncipe quando tinha 17 anos, após tê-lo conhecido por meio do gestor financeiro americano Jeffrey Epstein, que se suicidou na prisão enquanto aguardava julgamento por pedofilia.
No entorno do também duque de York em Londres, confirma-se que "o caso será resolvido em tribunal", em um processo que certamente terá enormes repercussões para a família real britânica. O segundo filho homem da rainha Elizabeth II da Inglaterra não foi acusado criminalmente, mas foi obrigado a se afastar de seus deveres reais.
No começo deste mês, Andrew, de 61 anos, foi destituído de seus títulos militares honorários e funções filantrópicas, depois que o juiz Lewish Kaplan negou seu pedido para arquivar o caso de Giuffre.
Príncipe nega acusações
Como sempre fez, Andrew nega "categoricamente" as acusações da mulher ponto a ponto no documento judicial de seus advogados. Ela, que se chamava Virginia Roberts antes de se casar e atualmente mora na Austrália, foi vítima de Epstein e sua cúmplice, a britânica Ghislaine Maxwell, considerada culpada de tráfico sexual de menores por um tribunal nova-iorquino em dezembro. Virginia acusa o príncipe de abusar sexualmente dela em Londres, Nova York e nas Ilhas Virgens, nas residências do casal Epstein e Maxwell, em 2001.
No entanto, um possível julgamento em Nova York não exclui que ambas as partes cheguem a um acordo financeiro extrajudicial, apesar de o advogado de Virginia, David Boies, ter alertado há duas semanas na BBC que uma simples indenização não seria suficiente para sua cliente.
Um julgamento em Nova York pode ocorrer até o final do ano.
Processo civil em 2022?
Na primavera passada, o juiz Kaplan, do tribunal de Manhattan, que em 12 de janeiro rejeitou o último recurso do príncipe, indicou que um processo civil ocorreria entre "setembro e outubro" de 2022.
Segundo juristas de Nova York, Andrew terá que prestar depoimento sob juramento em um escritório de advocacia, provavelmente no Reino Unido, e responder a perguntas da defesa americana da denunciante. Suas respostas serão posteriormente apresentadas como prova perante um júri encarregado de definir uma indenização financeira para Virginia.
Segundo especialistas, o príncipe terá que comparecer em algum momento, caso contrário, poderá ser julgado à revelia e de maneira "desfavorável".
A ação civil de Giuffre não pode ser automaticamente convertida em uma ação criminal por crimes sexuais. Nada impede, porém, os promotores federais dos Estados Unidos de iniciarem no futuro processos criminais contra Andrew se considerarem que ele de fato pode ter cometido um crime e se o prazo ainda não tiver prescrito.