Mariana Belém, 40 anos, filha da cantora Fafá de Belém, contou, em entrevista à revista Quem, detalhes do abuso sexual que sofreu na infância. Recentemente, Mariana já havia usado suas redes sociais para revelar que fora vítima do crime quando tinha apenas sete anos . Ela expôs o relato em apoio à campanha "Precisamos Falar Sobre o Abuso".
Sem revelar o nome do abusador, Mariana disse à publicação que, na ocasião em que fora abusada, Fafá havia saído para trabalhar e ele (o abusador) dispensou os empregados da residência e a convidou ao quarto dele.
— Fui, achando que ia ver televisão. E ele começou a passar a mão no meu corpo, enfiou a mão dentro do meu biquíni — relatou. —Não chegou a inserir o dedo na minha vagina. Depois pegou a minha mão e colocou no pênis dele e eu tirei. Ele falou: "Não! Pega e lambe". E eu disse: "Não, minha mãe não vai gostar disso". E foi na hora que saí voando.
Segundo Mariana, ainda que sem entender o que estava acontecendo, ela sentia que a atitude do abusador não era correta. Quando fugiu, a mãe chegou logo me seguida, lhe salvando do pior.
— Nunca esqueci o quarto, a cama, nada. Eu lembro de tudo perfeitamente: da escada que desci correndo, da minha mãe abrindo a porta, de tudo — relembrou. — Algo me fez correr porque achei errado um homem que deveria cuidar de mim estar passando a mão dentro do meu biquíni, colocando a minha mão no pênis dele e pedindo para eu "dar beijo" naquela parte do corpo dele. Algo fez minha mãe chegar enquanto corria dele. Algo ali me salvou de algo pior. (...) Enquanto ele fazia as coisas, eu sabia que estava errado e falava: "Minha mãe não vai gostar disso". Ele falava: "Sua mãe não precisa saber". Eu corri e, graças a Deus, minha mãe abriu a porta na mesma hora. Não sei o que seria de mim se ela não tivesse aberto a porta, não era para ela chegar naquela hora — completou.
Mariana Belém disse que também se lembra do olhar de filhos dos empregados do abusador para ela — olhar de pânico, conforme relatou —, o que a leva a crer que não foi sua única vítima:
— Com certeza todos passaram pelo que passei, de repente até de pior forma. Então aquilo já me deu um alerta de que alguma coisa estava errada.
Traumas e vergonha
Mariana Belém relatou que, aos 10 anos, foi encaminhada para uma psicopedagoga, mas não lembra se relatou o abuso sofrido à profissional ainda na infância. A influenciadora digital de 40 anos disse que também tinha muita vergonha de falar sobre o abuso com a mãe, Fafá de Belém, e esperou anos para contar sobre o que havia lhe acontecido.
— Tinha medo do que ela poderia fazer e fui tratando isso dentro de mim.
Na entrevista à Quem, Mariana afirmou que o assédio a incomodava de uma maneira violenta.
— Acho que esse foi o maior reflexo que tive disso durante muitos anos e só há pouco tempo, uns três anos ou quatro anos, que parou de me atingir dessa forma — disse. —Quando cheguei na adolescência e comecei a entender o que é sexo e intimidade, passei a entender. Mas só quando eu tinha 24 anos, 17 anos depois do ocorrido, que eu contei para a minha mãe, porque existia uma chance de a gente ir num lugar que esse cara talvez estivesse.
— Ela chorou muito e, para mim, foi como se eu tivesse feito um exorcismo porque minha mãe sempre soube de tudo da minha vida, em todos os aspectos — completou.
Educação sexual para as filhas
Mãe de duas filhas, Laura e Julia, Mariana diz que aborda o tema com as meninas desde cedo, ainda que de forma adaptada à idade delas. Segundo a influenciadora, sua experiência pessoal a faz sentir-se na obrigação de falar sobre esses temas com as filhas.
— Mesmo que elas estejam em uma festinha de família, com amigos da família, digo que qualquer pessoa que pegue nelas de alguma forma, elas devem gritar "mamãe ou papai". Então elas sabem quem pode e quem não pode levá-las ao banheiro para limpar. Uma outra coisa que eu e o Cris (Cristiano Saab, ex-marido de Mariana e pai das meninas) sempre frisamos é que não existe segredo entre adulto e criança. Qualquer coisa que um adulto fale para elas que é um segredo, elas têm que contar para o pai e a mãe de qualquer forma — revelou Mariana, completando:
— É assim que a gente cuida e alerta as meninas sempre.