Quem assistia TV e lia jornal na década de 1980 lembra bem dela. Nascida em Canoas, na Região Metropolitana, a gaúcha Andrea Mognon foi um sucesso naquela época. Com apenas 16 anos, ganhou o título do concurso Garota da Capa, de Zero Hora e, no ano seguinte, já aparecia em rede nacional como Garota do Fantástico, na icônica abertura do programa dominical, a primeira feita com computação gráfica da Globo.
Isso a levou para outros trabalhos como modelo. Ela foi selecionada pela Elite Models, uma das maiores agências da época. Em entrevista exclusiva à Donna, Andrea lembra a experiência e conta que viver essas oportunidades logo cedo foi, ao mesmo tempo, incrível e desafiador.
— Eu fiz sucesso muito rápido. Esse sucesso envolve a gente de uma maneira que acabamos deixando de lado algumas coisas muito importantes, como autoconhecimento, continuar estudando, cuidar da saúde mental. Na época, eu cuidava muito só do corpo, porque era a minha ferramenta de trabalho. Eu tinha que estar magra, com uma pele boa. Foi fantástico, foi bárbaro, mas, ao mesmo tempo, eu descuidei da Andrea Mognon como ser humano. Eu estava só focada na estética — reflete ela.
Sonho interrompido
Aos 27 anos, depois de já ter viajado pelo mundo com a carreira de modelo, decidiu seguir o que diz que era seu grande sonho: ser atriz. Após passar no teste da Oficina de Atores da Globo e se mudar para o Rio de Janeiro, Andrea teve o desejo interrompido por um problema de saúde.
Quando pequena, a gaúcha caiu no quintal de casa em uma cerca de ferro. Na época, a família a levou no hospital e concluiu que o dente de leite - que havia desaparecido de sua boca - havia caído no jardim.
Quando recém tinha sido chamada para estrear na minissérie Memorial de Maria Moura, exibida em 1994 na Globo, Andrea viu se desenvolver uma fístula em sua boca. Foi assim que ela descobriu que, naquele episódio da infância, o dente não caiu, mas foi empurrado para dentro, criando uma inflamação e corroendo a estrutura óssea de sua boca durante os anos.
Ela teve que desistir do trabalho para focar na recuperação. Voltou para Porto Alegre e passou por sete cirurgias até resolver o problema, tendo, inclusive, que fazer aulas de dicção para reaprender a falar.
— Quando eu fui fazer as cirurgias, tive que fazer várias tentativas de enxerto ósseo, e para isso eu tive que arrancar dois dentes. Por que eu não falava isso? Tu imagina para uma mulher vaidosa, que trabalhava com imagem... Eu tinha muita vergonha de contar — relembra ela, que só no ano passado começou a falar publicamente sobre o assunto.
Depressão
Depois do ocorrido, Andrea entrou em depressão profunda. Na época, ela tentou empreender. Abriu um espaço em Porto Alegre com cursos para jovens modelos e atores com dicas para falar em público. Com participações de nomes como André Marques, a ideia foi sucesso: a agenda estava sempre lotada.
Estava com dez quilos acima do peso, fumando duas carteiras de cigarro por dia e bebendo uma garrafa de vinho todos os dias. Estava me sentindo gorda, feia, enrugada, flácida. Estava um caco.
— Na verdade, eu estava tentando ensinar a mim mesma a voltar a me comunicar com as pessoas. Eu sou aquariana e fui professora, me formei em Magistério, então eu sempre amei ensinar. Se eu não podia estar na TV ou apresentando um programa, eu tinha que estar ensinando — afirma ela.
Abriu também uma estética com tratamentos moleculares e montou um espaço de saúde que fazia uso de vitaminas e suplementos. Mas, em meio a altos e baixos de sua saúde mental, acabou quebrando financeiramente.
— Quando tu não estás fazendo na verdade o que queria fazer, tu não consegues dar o teu melhor, e tu mesmo te boicotas. O teu subconsciente te boicota. Eu, na verdade, nunca fui uma empresária, não era meu sonho — conta ela.
Fase mãe
Com a crise financeira, a depressão voltou ainda mais forte. Mas foi o nascimento de Pietra, quando Andrea tinha 33 anos, que a fez reagir:
— O que me salvou é que eu engravidei da minha filha. Ela foi um anjo que Deus me mandou. Foi na época que eu estava pensando em suicídio. Não tinha mais sentido viver para mim — relata.
Andrea se separou do pai de Pietra quando a filha ainda era bebê. Ela trabalhava como apresentadora do programa Viva Bem, no SBT, onde falava sobre beleza e saúde. Mesmo assim, não se sentia nada bem e diz que chegou aos 40 anos "no fundo do poço".
— Estava com 10 quilos acima do peso, fumando duas carteiras de cigarro por dia e bebendo uma garrafa de vinho todos os dias. Estava me sentindo gorda, feia, enrugada, flácida. Estava um caco — conta.
Rejuvenescimento
Fazendo uso de remédios controlados para superar a depressão, Andrea encontrou no livro Semente da Vitória, de Nuno Cobra, ex-preparador físico de Ayrton Senna, um ponto de virada em sua vida. Após a leitura, fez a promessa de que, se conseguisse mudar o seu corpo em três meses, lançaria um livro.
— Fiquei com um corpo mais bonito do que eu tinha antes — orgulha-se.
Foi assim que escreveu, em parceria com 10 médicos, Como Rejuvenescer 10 Anos em 3 Meses, lançado em 2012, aos 44 anos. Nuno Cobra, aliás, assinou a contracapa. A partir daí, Andrea reagiu e deu início a uma nova fase. Se dedicou a estudar sobre padrões de comportamento humano e fez cursos de coaching e PNL (programação neurolinguística).
Hoje, aos 52 anos, voltou ao Rio de Janeiro para lançar o seu curso online "Fórmula da Juventude". Também é criadora do curso "Dieta do Prazer". Com mais de 10 mil seguidores em seu perfil do Instagram, ela acredita que é possível alcançar a ideia do "eterno rejuvenescimento" através de um estilo de vida saudável que equilibre corpo e mente:
— Ser jovem para sempre é possível porque o rejuvenescimento verdadeiro é corpo, mente e espírito. Não existe rejuvenescimento só por fora. A energia está diretamente ligada à alimentação e à saúde mental — afirma. — Eu sempre falo para as mulheres: a minha vida começou aos 50 anos .
Para Andrea, sua missão é "ajudar as mulheres a serem mais felizes, livres e irem atrás dos seus sonhos independentemente de qualquer coisa".
— Eu precisei passar por tudo para poder hoje ser a mulher que diz: "eu sei, eu fiz, é possível, eu consegui e você também consegue".