O jejum intermitente não é uma dieta, mas pode ser considerado uma estratégia nutricional, e tem se tornado cada vez mais popular. Ele se baseia em uma janela de alimentação pequena para outra longa de jejum. O tempo sem comer varia de 12 horas a 24 horas e a refeição se encaixa no restante desse período.
Em 2016, o biólogo celular e professor da Universidade de Tóquio Yoshinori Ohsumi ganhou o prêmio Nobel de Medicina pelo estudo que mostrou que a restrição alimentar auxilia na renovação celular, ajudando na limpeza interna do organismo. Isso despertou ainda mais o interesse sobre a prática e com isso alguns mitos que vamos desvendar hoje:
#1 JEJUM INTERMITENTE QUEIMA MAIS GORDURA?
Estudos mostram que há uma diferença na oxidação de gorduras no período de jejum – e isso depende de uma série de fatores e outras via metabólicas –, mas quando suas calorias diárias não atingem um déficit necessário para promover o emagrecimento, você irá acumular gordura e o resultado dessa equação será a manutenção ou até aumento de peso. E o que isso significa? O jejum intermitente pode até queimar mais gordura no período que você estiver sem comer, mas isso vai depender de muitos fatores e o que você come precisa estar alinhado adequadamente para não ocorrer acúmulo de gordura.
#2 JEJUM INTERMITENTE É MELHOR PARA O EMAGRECIMENTO?
O jejum intermitente é uma estratégia nutricional e assim como qualquer estratégia, não se encaixa em qualquer indivíduo. Se você é o tipo de pessoa que sente muita fome ao acordar ou simplesmente ama um bom café da manhã, jejuar será um peso na sua rotina e vai atrapalhar sua adesão à dieta.
Mas se você é do tipo que fica tranquilamente sem se alimentar até o horário do almoço, pode ser interessante para que você consiga ingerir menos calorias com mais facilidade, já que acaba pulando uma refeição.
Além disso, aderir ao jejum depende de outros fatores que devem ser analisados com a orientação de um profissional.
#3 FAZER JEJUM SIGNIFICA COMER MENOS?
Não necessariamente. E esse é o erro mais comum de quem adere ao jejum intermitente sem orientação. Não importa se você faz seis ou três refeições por dia: suas necessidades nutricionais permanecem as mesmas e precisam ser atendidas. Como assim?
Vamos supôr que um indivíduo necessite de 1.800 calorias diárias. Fazendo ou não o jejum intermitente, ele terá que encaixar essa quantidade de calorias (e a divisão dietética estipulada pelo nutricionista), independente do número de refeições que fará ou das horas que ficará sem comer.
#4 FICAR SEM COMER DESACELERA O METABOLISMO?
Já falamos sobre metabolismo por aqui e vimos que o mais importante e o que mais influencia é a composição corporal, e não a quantidade de refeições que você realiza ou o intervalo de tempo entre elas. Alguns especialistas defendem a tese de que nosso corpo não foi adaptado para comer com tanta frequência e que a constante ingestão de alimentos com altos índices glicêmicos prejudica a saúde. Se alimentar de forma saudável e se exercitar com frequência ainda é a melhor forma de manter seu metabolismo ativo.
#5 JEJUM INTERMITENTE FAZ PERDER MASSA MUSCULAR?
O catabolismo muscular acontece quando você não se alimenta da maneira adequada fornecendo os nutrientes necessários ao seu organismo. Isso pode acontecer independente do jejum intermitente – ou seja, tudo vai depender da qualidade da sua alimentação.
É preciso atenção redobrada durante a janela de alimentação após o jejum intermitente, para garantir que você está ingerindo proteínas, carboidratos e gorduras na quantidade necessária, além de garantir que sejam de boa qualidade.
É importante lembrar que nenhuma estratégia deve ser colocado em prática sem o acompanhamento de um profissional. Manter uma alimentação saudável deve ser sempre sua prioridade, independente do seu objetivo estético.
Paula Mar Pinto tem 28 anos e é nutricionista clínica por formação, mas se considera uma "facilitadora de experiências saudáveis". Depois de muito brigar com a balança, resolveu se aliar a ela. É autora do projeto E Agora, Nutrinha?.