O movimento feminista italiano Non una di meno ("Nem uma a menos") usou seu perfil no Twitter para homenagear a atriz francesa Maria Schneider (1952-2011), protagonista de Último Tango em Paris, filme mais conhecido do cineasta Bernardo Bertolucci, que morreu na segunda-feira, 26) aos 77 anos.
O longa tem a famosa "cena da manteiga", na qual o personagem de Marlon Brando, então com 48 anos, usa o produto como lubrificante para abusar da jovem interpretada por Maria Schneider, que tinha 19.
"Cumplicidade entre homens, opressão física e psicológica, abuso de poder... A história da cena de 'Último Tango em Paris' é a de um estupro. Hoje lembramos Maria Schneider, que ficou marcada para sempre por aquela violência", diz um post do movimento feminista, que anexou a entrevista do cineasta.
Em entrevista concedida em 2013, Bertolucci admitiu que o detalhe da manteiga havia sido combinado com Brando apenas na manhã do dia da gravação e que a atriz não sabia. O diretor explicou que queria obter uma "reação espontânea" dela.
Antes de sua morte, em 2011, a atriz comentou polêmica cena e admitiu ter se sentido humilhada.
– E, para ser honesta, senti-me um pouco estuprada, por Marlon e Bertolucci. Depois da cena, Marlon não me consolou nem pediu desculpa. Ainda bem que tudo foi feito em apenas um take – afirmou ela na época.
Nas redes sociais, após a morte de Bertolucci, o assunto voltou à tona. Alguns criticaram as homenagens feitas ao cineasta.
"A gente precisa parar de dar cartaz se justificando por separar artista e obra. Um não existe sem o outro", afirmou uma usuária do Twitter.
"Em sua 'homenagem' eu compartilho essa entrevista onde ele mostra seu grande 'profissionalismo' e 'imenso caráter'", ironizou outra, incluindo o link das afirmações de Bertolucci sobre a cena da manteiga.