(Julio Cordeiro/Agência RBS) (Julio Cordeiro/Agência RBS) (Julio Cordeiro/Agência RBS)
Natasha Heinz, Especial
Solução para dar fim às desculpas na hora de malhar, a gente sabe que não existe. Mas o que sabemos, sim, é que qualquer atividade física feita com prazer é um motivo extra para não se deixar levar quando bater a preguiça. Assim, a dança pode ser uma boa opção para movimentar o corpo sem sacrifício.
– Dançar trabalha o corpo de uma maneira mais prazerosa do que repetir movimentos. É uma atividade mais divertida – opina Carol Dalmolin, professora de balé e jazz no estúdio que leva seu nome na Capital.
Diferentes modalidades em academias e escolas especializadas oferecem todos os benefícios de uma atividade física tradicional. Com exercícios que trabalham habilidades como força, técnica e movimento, a dança pode mexer com o corpo tanto quanto aulas aeróbicas ou a própria musculação. É só escolher o estilo que se encaixa melhor ao seu perfil.
– Em cada técnica de dança, os movimentos específicos requerem preparação corporal e condicionamento físico – explica Carmen Pretto, professora de baile flamenco na Escola Lenita Ruschel, que se dedica há 35 anos ao estudo da dança espanhola.
Além dos óbvios benefícios para a definição do corpo, dançar ajuda a modelar as curvas e combater a gordura localizada: há aulas que queimam até 800 calorias por sessão. As modalidades apresentadas aqui também trazem outro efeito colateral: a diversão. Tem coisa melhor para combater o estresse?
– Impossível sair de uma aula de dança sem uma sensação de liberdade – resume a coreógrafa e bailarina Ana Paula Teixeira.
1. HIP HOP
O que é: originado em centros urbanos, o hip hop surgiu nos EUA nos anos 1960. Chegou no Brasil na década de 1980, época em que a ginástica aeróbica começou a bombar nas academias com o objetivo de emagrecer. Muitos professores passaram a usar a música e os passos do hip hop para incrementar as aulas e torná-las mais divertida.
Para fortalecer: por ser uma dança muito dinâmica, com trocas de suporte, agilidade e projeções aéreas, estes movimentos intensos e sincronizados mexem simultaneamente pernas, braços, ombros e cabeça, trabalhando o corpo como um todo. As partes mais requisitadas são os membros inferiores: glúteos, quadríceps e panturrilhas.
Para emagrecer: o bailarino Marco Rodrigues, coreógrafo coordernador da Dança de Rua no Studio Dullius, estima que uma aula de hip hop possa queimar até 550 calorias, levando em conta fatores como nível de preparo, técnica e execução, tempo, clima, local e tipos de exercícios realizados.
– Pode ser tão forte quanto ou até mais intenso do que uma aula de aeróbica – comenta o professor.
Benefícios: o hip hop trabalha resistência muscular, isometria, equilíbrio, agilidade, emagrecimento e tonificação. Também ajuda a desenvolver consciência corporal, ritmo e noção espacial.
– Acredito que seja uma atividade para elevar a autoestima e sentir-se bem com o próprio corpo. É uma dança para todos e, por ser feita em grupo e com músicas animadas, é divertida e nada monótona – opina Marco.
Como fazer: quanto mais você faz, mais gasta caloria e mais rápido aprende os passos de dança. Assim, o mínimo de tempo para a prática surtir efeito seriam duas aulas por semana. É necessário o uso de um tênis adequado para aguentar o impacto.
– Evite os modelos de corrida e opte pelos de solado mais baixo, sem botinha, para dar mais mobilidade do tornozelo – indica Marco.
2. STILETTO
O que é: adotado por divas do pop como Beyoncé, é uma aula de dança que mistura freestyle, hip hop e jazz, com uso de salto alto.
– O stiletto surgiu em Nova York pela necessidade de se aprender a dançar com saltos para clipes, shows e musicais. Os movimentos são leves e sutis, mexendo com braços, pernas, tronco e quadris, além de jogadas com o cabelo e olhares sensuais – explica Carol Dalmolin.
Para fortalecer: tonifica principalmente glúteos e pernas, porém também trabalha bastante a região da cintura.
Para emagrecer: o gasto estimado é de 600 calorias por aula. Como qualquer exercício, ressalta Carol, só vai dar resultados se for feito com assiduidade.
Benefícios: além de tonificar os músculos, o stiletto melhora o equilíbrio e, principalmente, a autoestima. Mas atenção: essa modalidade não é indicada para pessoas com qualquer tipo de lesão em joelhos e coluna.
Como fazer: como todas as danças, o ideal é fazer aula duas vezes por semana. E, sim, é feita de salto alto: não se esqueça de usar algum modelo confortável para dançar.
3. JAZZ
O que é: modalidade de dança que surgiu da fusão das culturas africana e americana no século 17. Tem como características o gingado dos quadris, saltos e movimentos amplos herdados do balé clássico.
Para fortalecer: assim como no balé, o jazz requer bastante flexibilidade e força. O foco depende do tipo de aula, pois ele tem diversos estilos.
– Durante uma aula, você fará o equivalente a um treino completo de musculação sem aparelhos – diz Ana Paula.
Para emagrecer: em uma hora de aula, é possível perder até 500 calorias, tonificando e modelando as curvas. Mas essa não é a principal função do jazz:
– Para perder gordura, o corpo precisa de 20 minutos de exercício em ritmo significativo – avisa Carol.
Benefícios: o jazz ajuda na autoestima, flexibilidade, força e equilíbrio, diminui a gordura localizada, além de melhorar a postura e a coordenação motora. Por ser um exercício em grupo, ajuda também na socialização.
Como fazer: separe pelo menos duas horas por semana para praticar. Se puder mais vezes, três aulas já garantem uma maior rapidez para sentir os benefícios do jazz. Não há uma regra de vestimenta: a aula pode ser feita de tênis, sapatilha ou até mesmo de pés descalços.
4. FLAMENCO
O que é: fusão entre vocal, dança e música, o flamenco surgiu há dois séculos no sul da Espanha por influências culturais dos povos judeus, árabes e ciganos. Em 2010, foi oficializado pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade.
Para fortalecer: o baile flamenco trabalha todas as partes do corpo e ajuda no fortalecimento do abdômen, assim como dos membros inferiores. Mais do que trabalhar um músculo de cada vez, a técnica abrange a musculatura corporal como um todo.
Para emagrecer: o gasto é de 350 calorias em uma hora de aula de nível intermediário. Já no nível avançado, o flamenco se compara a uma aula aeróbica de alto impacto com perda de 490 calorias. Ajuda no emagrecimento por ser uma atividade aeróbica e dinâmica.
Benefícios: fisicamente, ele modela o corpo, fortalece músculos das pernas, afina a cintura, trabalha o abdômen, alinha postura, melhora o condicionamento físico e a coordenação motora.
– Libera as tensões, desenvolve a expressividade em dança e melhora a autoestima – opina Carmen Pretto.
Como fazer: para obter resultados, o mínimo é fazer aulas duas vezes por semana. Primeiramente, o investimento é apenas em sapatos especiais para a dança flamenca. Para os bailes, existem acessórios como castanholas, leques, chapéus e xales.
5. BALÉ FITNESS
O que é: tem como base o balé clássico, mesclando exercícios de agachamento, abdominais e flexões. O balé fitness foi inventado pela bailarina Betina Dantas que, ao ter uma lesão no tornozelo e deixar o balé clássico, não se adaptou à musculação e criou o método, que usa a dança aliada a repetições para grupos musculares específicos, explica Carol Dalmolin.
Para fortalecer: a modalidade trabalha o corpo inteiro, principalmente glúteos, abdômen e lombar. Além disso, melhora a postura, o tônus muscular no geral, a flexibilidade e o equilíbrio.
Para emagrecer: a curto prazo, os principais benefícios são a melhora da postura e a definição muscular, porém, a médio prazo, o balé fitness promove a perda de peso. A aula avançada chega a queimar, segundo a criadora Betina Dantas, até 800 calorias se feita de maneira intensa.
Benefícios: o balé fitness melhora o condicionamento cardiorrespiratório e a postura, deixa o corpo longilíneo e ajuda também a dar mais agilidade para quem o pratica.
– A aula mescla aeróbio com anaeróbio, trazendo ao mesmo tempo força e leveza, além de bem-estar – explica Ana Paula.
Como fazer: o ideal é que se faça de duas a três aulas por semana para não precisar de uma atividade complementar. Importante: pessoas que já sofreram muitas lesões devem conversar com um médico antes de começar. As roupas mais adequadas são malhas, meia calça e sapatilhas.