Raiz branca à mostra, mechas por retocar e cabelos sem corte. A corrida das clientes nos primeiros 10 dias após o retorno dos salões de beleza foi para deixar os fios em dia. Depois de um mês de portas fechadas na Capital, os estabelecimentos retomaram os serviços no dia 7 de agosto com respaldo do decreto assinado pelo prefeito Nelson Marchezan, que flexibilizou as restrições ao comércio.
E a alta procura surpreendeu os proprietários de estéticas consultados por Donna: alguns salões chegaram a relembrar os tempos antes do coronavírus.
– Nas últimas sextas e sábados estamos tendo um bom movimento, dá para dizer que chegamos a 80% da procura de antes da pandemia. Mas vamos adequando o atendimento às normas de higiene para garantir a segurança de todos, já que devemos respeitar os 30% da capacidade do espaço – conta Íris Vieceli Garcia, que está à frente da Visualité.
Além de Íris, batemos um papo com Elisandra Rhoden, do Meia Hora, Leo Zamper, do Studio Leo Zamper, e Bianca Stoll, da estética Red Beauty Bar, para saber o que bombou desde a reabertura dos centros de beleza. Os empresários também explicaram como estão quebrando a cabeça para reforçar os protocolos de higiene e oferecer uma experiência mais segura ao público e aos profissionais nos salões. Veja mais detalhes a seguir:
Foco no cabelo
Quem costuma colorir os fios sabe que um mês sem a manutenção profissional faz falta, né? Pois foi justamente esse o serviço mais pedido nesse retorno dos salões: retoque de raiz e mechas.
– Tivemos uma procura acentuada logo nos primeiros dias, depois, baixou um pouco e estabilizou. Os serviços estão variados, mas, sem dúvida, muito cabelo, mecha, corte e coloração. O pessoal casa corte e mecha, ou coloração e corte. Dá para dizer que surpreendeu a alta procura – diz Bianca, da Red Beauty Bar.
O hairstylist Leo Zamper também identificou um movimento parecido em seu espaço:
– O carro-chefe foi corte de cabelo, a coloração veio junto. Posso dizer que as pessoas já não parecem mais com tanto medo quanto da primeira vez, quando reabrimos em abril. Estamos convivendo mais com a covid-19, mais acostumados com os protocolos de segurança, o que justifica essa maior procura por atendimento.
Outra mudança de comportamento do público é na compra de produtos. Uma parcela das mulheres está buscando alternativas para diminuir as idas ao salão, por isso, cresceu o interesse por produtos profissionais e de qualidade adquiridos nas próprias estéticas – como os cremes de hidratação que podem ser aplicados em casa.
Unhas e depilação em dia
Elisandra Rhoden, do Meia Hora, conta que já esperava uma busca maior por manicures, e a expectativa se confirmou na prática: em seu salão, o serviço ficou entre os mais pedidos da primeira semana de retomada. E ela ainda afirma que há uma patrulha criada por clientes e funcionárias para garantir que os protocolos de higiene sejam seguidos à risca:
– Acho que a cliente que está vindo ao salão parece bem tranquila, mas, se chega uma pessoa sem máscara, mesmo com o aviso que colocamos na porta, já há reclamação na hora. Está todo mundo cuidando junto, é uma consciência coletiva que está cada vez mais forte.
Já a procura pela depilação, tanto da sobrancelha quanto do corpo, não foi consenso em todos os salões consultados. Enquanto Bianca, da Red Beauty Bar, identificou pouco interesse das clientes, Íris, do Visualité, garante que o procedimento ficou entre os principais serviços realizados na estética nos últimos dias.
– Eu diria que tintura e depilação estão predominando mais até do que corte. Quem está acostumada com depilação profissional não abriu mão de marcar horário, assim como as mulheres que não gostam da raiz branca e já estavam com meio metro aparecendo (risos) – brinca Íris.
Os esquecidos
Sabe quem mais está sofrendo durante a pandemia com a falta de trabalho nos salões? Os maquiadores. A procura por esses profissionais é quase inexistente desde o cancelamento em massa dos eventos, conta Elisandra, do Meia Hora:
– Tínhamos mais de 80 noivas já reservadas para este ano, a maioria remarcou as festas para o ano que vem. Mãos, pés, depilação foram afetados, mas maquiagem zerou praticamente. Somente um ou outro ensaio de noiva eles conseguem fazer. Por isso, temos uma expectativa grande para o ano que vem, porque a tendência é acumular festas e eventos. Esperamos uma agenda cheia, todo o mês será dezembro.
Rotina adaptada
De acordo com o decreto municipal, para funcionar de forma segura, os salões de beleza precisam estar com "equipes reduzidas e com restrição ao número de clientes simultâneos", além de observar a "distância mínima de quatro metros entre os clientes". Outro ponto importante diz respeito à lotação nas salas de espera ou recepção, que "não poderá exceder a 30% a capacidade máxima prevista no alvará de funcionamento ou de proteção de prevenção contra incêndio".
Para tentar se adequar a essas normas e às "demais regras de higienização", os salões atendem com horários diferenciados, espaços interditados para evitar aglomeração, restringem o serviço de manobristas, disponibilizam diversos frascos de álcool em gel pelo ambiente, focam na higienização de cadeiras e bancadas e fazem rodízio entre os profissionais. Bianca conta que doou um sofá onde as clientes sentavam para realizar alguns procedimentos, pois não seria possível respeitar o distanciamento indicado. Já Leo Zamper optou por instalar fotossensores em seu estúdio como forma de evitar o toque nos interruptores.
– Vejo um retorno da clientela, atendi uma cliente que veio em janeiro da última vez, antes da pandemia. Ela não estava com coragem de sair de casa, agora, está mais segura. Estamos pegando pesado nos cuidados, isso traz uma sensação de segurança para as clientes. Na prática, não consigo pensar em mais nada que possamos fazer para evitar contaminação – opina Leo.