Paul Simon foi o primeiro show a que fui em minha vida, no Gigantinho, aqui em Porto Alegre. Bem nessa época, ele tinha gravado um baita som com o Olodum e aquilo bateu diferente em mim. Assisti do começo ao fim nos ombros do meu irmão, uma das grandes memórias da minha vida, que foi coroada com um abano do próprio Paul ao final do show.
Numa linha do tempo, acho que o rádio lidera essa fila, porque os shows só acontecem graças à notoriedade que os programas dão aos artistas.
Sempre tive uma relação com a música. Na minha casa, todos os momentos sempre foram trilhados com tudo o que é tipo de som. Djavan, Gipsy Kings, Chico Buarque, Rita Lee, Tim Maia. Até hoje, meus pais têm uma coleção imensa com todos esses LP’s.
Meu irmão sempre teve coleções de K7, organizadinhas por coletâneas que eram de um capricho invejável, até porque ele sempre teve uma caligrafia impressionante. Herdei dele essa tentativa de criar as minhas seleções também.
A aventura de aguardar tocar os hits na rádio para ter gravado nas fitas era uma epopeia. Daí veio a época do CD. O primeiro acorde que escutei deste mesmo aparelho, numa experiência inédita para todos, foi a trilha sonora do filme Bagdad Cafe, I’m Calling You. Cara, que troço esse!
Do CD, acho que a evolução foi o MP3, quando se tinha disponível com a internet rápida a possibilidade de buscar qualquer som. E daí perdemos o controle da situação, até chegar ao streaming de hoje, que, ao mesmo tempo em que não temos nada, temos tudo.
Num papo recente com o mestre Luiz Américo Camargo, concluímos que o mesmo acontece com a comida. Nossa relação pode mudar totalmente, mas jamais perderá seu protagonismo.
A forma pode até evoluir com o tempo, mas o conteúdo sempre chegará. Seja como for, música sempre será música e comida sempre será comida.