A tradição de abrir um espumante nas datas comemorativas vem de longe. Quando os vinhos cheios de bolhinhas começaram a ser consumidos nas cortes europeias, no século 18, eles eram novidade: havia sabor e “textura”. Logo caíram nas graças da nobreza e tornaram-se a bebida dos momentos especiais.
Não demorou para que as celebrações de fim de ano passassem a ser diretamente associadas ao champanhe – se possível, o legítimo, feito na região de Champagne. Ou com opções semelhantes, pétillants, frizzanti, de origens variadas. Contudo, o ponto da coluna é rebater uma ideia que, volta e meia, circula por aí: champanhe francês, qualquer um deles, será sempre melhor do que outros espumantes. Será?
Imagino que seja praticamente consenso que, quando elaborado pelos melhores produtores, o champanhe é mesmo o ápice desse tipo de vinho. Mas e os rótulos fabricados em larguíssima escala, que viajam milhares de quilômetros, são conservados quase sempre fora das condições adequadas, e vão parar nas gôndolas do nosso varejo? Aí, vale ponderar a respeito.
Não é de hoje que os espumantes nacionais vêm apresentando produtos muito bons, inclusive com preços mais acessíveis, para que o hábito de brindar também faça parte do cotidiano. Contudo, vamos tratar de exemplares mais “premium”. Para ficar em alguns exemplos: eu defendo que serei mais feliz com um Victoria Geisse Gran Reserva; um Nature Peverella, da Era dos Ventos; um Sur Lie, da Casa Valduga; ou um Lírica Crua, da Hermann, do que com um champanhe “de supermercado”.
Se a ideia for buscar a aura de Champagne para o tim-tim do dia 31, seja qual marca for, tudo certo. Mas se a proposta for beber melhor, gastando o que se gastaria com um champanhe ordinário, que tal variar? Saúde!