Se vocês ainda não ouviram nenhum episódio do Foodcast, o podcast semanal que gravamos e disponibilizamos no Spotify, eu peço que tirem um tempo para isso. Nesta semana, completamos 37 programas nos quais tratamos de assuntos atuais do mercado e levantamos algumas questões bem importantes. É tipo uma grande mesa de bar, porém, sem bebida, para manter o foco.
Em uma das gravações, discutimos sobre uma notícia veiculada recentemente no Los Angeles Times, que apontava para uma crise de festivais de gastronomia. Sabe aquelas festividades que concentram uma série de chefs vendendo comida de rua? Segundo a matéria, esses eventos viraram uma indústria, já somam um volume desproporcional de edições, não têm propósito e, atualmente, têm como organizadores grandes produtoras que não vivem o dia a dia da gastronomia nem entendem o lado do operador.
Daí é aquela matemática que não fecha nunca: os organizadores tentam levar o maior número possível de pessoas, que pouco ou nada se interessam pela comida e, sim, pela bebida, e ainda exigem que os chefs desenvolvam pratos elaborados com insumos não tão comuns assim, de forma que mantenha a expectativa alta.
Essa crise refere-se ao mercado americano. Mas como tudo que acontece lá um dia respinga aqui, fica o alerta para repensarmos todas essas questões. O principal, para mim, é abrir o diálogo com outros eventos, deixando de ficar autodependente.
A gastronomia cresceu e amadureceu tanto que não pode mais se restringir a festivais exclusivos do seu próprio universo. É importante democratizar o movimento e fazer parte de todas as culturas. Estar presente em semanas de moda, festivais de tecnologia e de música. Só assim aumentaremos ainda mais o mercado, fazendo com que todos percebam que a gastronomia é parte integrante de uma engrenagem chamada entretenimento. E o nosso papel é mostrar às pessoas que tudo fica bem mais divertido com comida e bebida!