O casal de paulistas, Filó e Anísio Barretto, veio para Porto Alegre na década de 1980 e, em 1990 decidiu empreender no ramo da gastronomia. Os ex-proprietários da La Gourmandise, hoje oferecem aulas de culinária.
Qual o serviço que vocês têm hoje?
Desde abril, temos uma parceria na Casa Bordini, da Tanara Garcia, e oferecemos aulas de culinária para pessoas apaixonadas pela gastronomia em um espaço dentro da loja destinado para isso, e para eventos.
Como surgiu essa parceria?
Depois que fechamos a La Gourmandise (loja que vendia alimentos, vinhos e utensílios de cozinha), em 2017, começamos a pensar o que faríamos dalí para frente e, gostaríamos de continuar na gastronomia. Conversando com a Tanara Garcia, proprietária da Casa Bordini, ela nos convidou para desenvolver essa parceria no terceiro andar da loja. A primeira proposta era para trazer a Gourmandise para cá, mas foi um ciclo de 26 anos que se encerrou. Então, surgiu a ideia de um espaço para que as pessoas pudessem viver a gastronomia por meio de aulas.
Qual é a intenção com esse projeto atual?
Não temos pretensão profissionalizante, nem o objetivo de formar cozinheiros ou chefs de cozinha. A intenção é atingir o público gourmet, a pessoa que gosta de comer bem e não sabe cozinhar nada, ou aquelas que já sabem e desejar aperfeiçoar o seu conhecimento. É emocionante acompanhar o desenvolvimento das pessoas, é o que nos gratifica, as pessoas passam a receber os amigos, cozinhar pra eles e sentir prazer nisso.
Como surgiu a ideia de dar aulas?
De clientes da loja, que desejavam o espaço por lá. Mas, infelizmente, não tínhamos lugar para isso. Só depois que nos mudamos para a Rua Carlos Trein Filho, onde o espaço era maior, a gente começou a fazer um projeto.
Qual a frequência das aulas?
Normalmente, uma vez por semana e nós temos uma equipe de mais ou menos 10 chefs que ministram as aulas aqui, como a Nati Tussi do Roister, o Mamadou do Senac, o Mauro Sousa do Sheraton.
Como foi a trajetória de vocês?
Eu sempre digo que a vida é feita de ciclos, não é? Nós somos paulistas e viemos para Porto Alegre há 37 anos, eu era publicitário e trabalhei em agências de propaganda por muito tempo e a Filó era assistente social. Até que eu decidi pedir demissão da agência, em 1990, e abrir a Gourmandise lá na Zona Sul. Começamos pequenininhos, ela foi crescendo e, em 1997, viemos para a Zona Norte. Era um período difícil, não tinha público específico para o negócio, porque não existia a cultura da gastronomia e, hoje já virou um pouco de moda, esse lado glamouroso da culinária. Foi ótimo e nós colhemos os frutos do que conseguimos fazer.
Quais as principais mudanças que vocês observaram no cenário gastronômico?
Acho que o mais importante foi o despertar do gosto pela gastronomia. Nós nos surpreendemos muito quando nos mudamos para o Rio Grande do Sul porque o gaúcho come de uma maneira diferente que estávamos acostumados em São Paulo. Aqui, priorizam a comida em quantidade. E isso mudou e segue em transformação.
Tem alguma história que vocês sempre lembram?
Em 1997, o estilista Rui Spohr, que faleceu esse ano, tinha uma coluna em um jornal local falou das cestas que nós fazíamos na loja, uma cliente dele leu e nos ligou pedindo uma cesta de Natal. Era a dona Norma, que durante 14 anos, foi nossa cliente por telefone. Ela nunca foi lá na loja. Ligava pedindo cestas de aniversário, de Natal para o dentista, fisioterapeuta, pra todo mundo. Eu já conhecia todo mundo e montava a cesta conforme o gosto de cada um. Ela nunca viu o resultado, era uma confiança e uma responsabilidade enorme. Eu jamais colocaria em uma cesta dela algo que eu não gostasse. E os bilhetes, ela ditava e eu escrevia. Infelizmente, a dona Norma faleceu no ano passado.
O que a gastronomia significa para vocês?
Tudo! A gastronomia faz parte da nossa vida. Hoje, além das aulas, produzimos alguns tipos de molhos (um exemplo é o molho de tomate com manjericão) para venda e esse lado também é muito prazeroso, ver que as pessoas gostam do que a gente faz.
O que diriam para quem está pensando em empreender no ramo da gastronomia?
A fórmula é muito simples: tem que se dedicar muito à qualidade. Não dá para pensar em "meia boca". Você deve tomar cuidado e pensar bem, porque realmente tem um lado da gastronomia que é muito charmoso, mas não é só glamour. Em restaurante, por exemplo, o trabalho é, principalmente, braçal.
PROGRAMAÇÃO DO ESPAÇO CASA BORDINI
Dia 06 de agosto, terça
Street food, com a chef Nati Tussi (Roister)
Dia 13 de agosto, terça
Cozinha tailandesa, com o Prof. Bryan Parsley
Dia 20 de agosto, terça
Cardápio especial, com a chef Belén Montava
Dia 27 de agosto, terça
A cozinha do chef Mauro Sousa (Sheraton)