Esses primeiros 12 anos de vida de Destemperados me motivaram a experimentar de tudo. De tudo mesmo. Pense numa coisa louca qualquer aí, e direi que experimentei certamente. Algumas gostei mais, e outras não quero passar nem perto.
Já saí catando produtor de doce de leite artesanal no interior de Tiradentes. Já peguei ônibus errado tentando chegar num restaurante escondido na zona seis em Londres e esse desvio de rota me levou à pizza mais barata e maravilhosa da minha vida. Já comi tacacá numa barraca de rua em Belém. Já comi grilo, formiga, escorpião e barata. Já caí numas quantas frias em alguns três estrelas Michelin. Já pedi um negócio sem saber o que era e veio pombo. Já comi pad thai de um dólar feito em cima dos trilhos de uma estação de trem no fim do mundo. Isso falando das coisas que me lembro, porque talvez tenha testado outras surreais que, por algum motivo, não habitam mais a minha memória.
Estamos elencando aqui só comidas, porque se abrir uma portinha para falar das coisas que bebi, daí, meu chapa, puxa o banquinho porque a lista é bem maior. Enfim, no meio desse bolo todo, percebi que algumas das mais inesquecíveis, além de serem minhas bolas de segurança, guardam um padrão entre si. Vou listar as que estão mais na ponta da língua para que vocês tentem encontrá-las.
Em Porto Alegre, o colchão alemão do Tartare, a polenta recheada do Komka e o milanesa do Santo Antônio. Em Gramado, o pão caseiro que vem junto da sopinha do Nonno Mio. Em Caxias, o galetinho do Alvorada e o Filé Felipão do Andrea. Em Pelotas, o pão de queijo do Posto Ongaratto. Em Torres, a casquinha de siri do Hotel Dunas. Em São Francisco de Paula, o pastel do Café Tainhas. E o tortéi à moda da casa do Primo Camilo, em Garibaldi.
O que eles todos têm em comum é a relação familiar. São autênticos e com alma. Com história para contar. E por mais que eu busque as novas experiências, seja onde for, elas sempre me levam para perto de casa.