A maior invenção de todos tempos para mim foi a internet. Ela abriu muitas portas, mas trouxe um novo comportamento que assola o mundo hoje: o excesso de informação. Estamos inundados de conteúdo, e todos os dias uma certa angústia toma conta da geração que fica conectada boa parte do tempo.
O intercâmbio cultural que a internet trouxe nos fez conhecer novos lugares, e dá para aprender a fazer qualquer prato
em poucos cliques. Ficamos babando na tela do celular e somos incapazes de armazenar e experimentar tanta coisa. Falta tempo, falta dinheiro, falta foco.
O excesso de informações nutricionais dos alimentos, por exemplo, virou febre. É bom saber o que se está comendo, e
muita gente tem se alimentado melhor por causa disso. Mas aumentaram também as restrições e os exageros, porque a
maioria está absorvendo as informações de forma superficial, sem entender de fato o que elas dizem.
Os cardápios dos restaurantes também viraram enciclopédias com tantas informações complementares. Aumentar o
conhecimento sobre a gastronomia é saudável ao consumidor, mas também cansa. E o resultado do excesso é uma volta ao que é simples, a busca do que vai direto ao ponto que interessa.
No meio de tantas dicas de restaurantes, vídeos de receitas e blogs de alimentação saudável, está um consumidor sufocado pedindo curadoria. As pessoas querem e precisam de tudo mais mastigado. As empresas, os restaurantes, as mídias e os produtores precisam ajudar o consumidor a se informar do que realmente interessa. E tem que ser de forma atraente.
Não sou daqueles que acham que a ignorância é uma benção. Saúdo toda forma de gerar conteúdo em torno da
gastronomia. Por mais que eu tenha a clareza de que muitas vezes, ter menos informação sobre algo vai fazer eu me divertir mais com aquilo. Nesse momento de excessos, menos é mais.
* Conteúdo produzido por Diego Fabris