Não conheço ninguém que não gosta de strogonoff. Juro que não conheço. Até gostaria de entender porque alguém não gostaria, visto que é um prato tão saboroso e versátil. Quem cozinha diz que é fácil de fazer, e talvez por isso tenha se popularizado tanto no Brasil.
Reza a lenda que a origem do prato é russa, da família Stroganov. E que foram os franceses que introduziram os champignons na receita. Confesso que nem precisavam se meter com os tais cogumelos. Mas considero uma heresia quem coloca palmito no prato. Na verdade, palmito em conserva é algo que para mim não combina com nada, mas isso é papo para outra hora.
O strogonoff era o prato da moda nos anos 1990. Era figura certa em formaturas, casamentos e aniversários. Tenho saudades desse tempo. Ia para o buffet com gosto e sem medo de errar. Muito mais digno do que o filé ao molho madeira que veio depois dele. Com o tempo, o strogonoff acabou se tornando um pouco brega para tais ocasiões e ficou restrito às mesas das famílias brasileiras.
Nos últimos anos, voltamos a fazer as pazes com o strogonoff e a reconhecer o seu papel de protagonista como comfort food, aquela comida que transmite carinho e satisfação. É comida de mãe, de vó, de sogra, de namorada nova. E também de quem começou há pouco a se aventurar nas panelas.
Os acompanhamentos tornam o prato ainda mais interessante. O arroz branco, que pode até ser aquele bem empapado, mistura-se com o molho como poesia. Ele é o condutor do molho. E a batata palha acrescenta o crocante que cai bem, além de servir para conter o molho que teima em escorrer para o canto do prato. E que atire a primeira pedra quem nunca pegou garfo e faca e misturou tudo fazendo aquele bem bolado delicioso.
Por mais que o strogonoff não seja de origem brasileira, acredito que ele mereça virar patrimônio histórico do nosso país. Afinal, strogonoff é amor.
* Conteúdo produzido por Diego Fabris