O Armazém dos Importados é daqueles lugares que reúnem tudo o que você precisa para preparar um menu completo do início ao fim. Com mais de 1,8 mil rótulos de vinhos, entre nacionais e importados, e ingredientes que abrangem desde a cozinha do dia a dia até pratos mais sofisticados, o empório é um verdadeiro reduto para quem ama gastronomia. Mas, se você é de Porto Alegre, provavelmente já sabe disso.
A novidade para muita gente é que a loja também tem um wine bar, que conta com um menu incrível assinado pelo chef Vinícius Gomes. O lugar estava na nossa lista de prioridades e, como a edição desta semana seria sobre vinhos, não poderia existir oportunidade melhor!
Sabíamos que uma bela experiência nos esperava, mas as expectativas foram totalmente superadas. Desde o atendimento até os pratos, tudo estava impecável.
O wine bar fica aos fundos da loja, em uma espécie de jardim envidraçado. O espaço é bem aconchegante e conta com poucas mesas, então, vale reservar.
Todos os pratos do menu são pensados para harmonizar com os vinhos disponíveis na carta, que oferece mais de 50 rótulos em taça, entre espumantes, tintos, brancos e rosés. São duas opções de tamanhos — 75ml e 150ml — e os valores vão de R$ 20 a R$ 494, como é o caso do clássico Château Pape Clément, da região de Bordeaux. Mas, se preferir uma garrafa, você pode escolher entre as disponíveis na loja, com o acréscimo de R$ 20 pelo serviço.
Como a aposta são os vinhos em taça, eles trabalham com duas formas de preservação da bebida, mesmo depois de aberta: o Le Verre de Vin e o Coravin. O primeiro trata-se de um sistema que fecha a garrafa aberta por um sistema a vácuo e calibra o gás carbônico de forma controlada para conservar a bebida. Já o segundo permite servir os vinhos sem abrir a garrafa, com uma agulha extremamente fina que atravessa a cápsula e a rolha e acessa o líquido, servindo-o diretamente na taça.
Já que fomos para provar um pouco de cada item, aceitamos as indicações do chef e de um dos sommeliers do Armazém para harmonizar o jantar. Para abrir o apetite, chegou à mesa o couvert que é cortesia da casa — um pão de fermentação natural, ainda quentinho, com manteiga. Para beber, um espumante brut de chardonnay e pinot noir.
Depois, a primeira entrada chegou surpreendendo. Stracciatella com uvas verdes, pistache e queijo cablanca (R$ 44), acompanhado de um pãozinho crocante de fermentação natural. A cremosidade da stracciatella com o cítrico da uva formou uma combinação muito saborosa e equilibrada. Se o jantar tivesse terminado ali, já estaria feliz. A harmonização ficou por conta de um vinho branco francês, um vermentino, mais frutado e sem passagem por madeira.
Seguimos nos brancos, mas desta vez um torrontés argentino, para acompanhar a segunda entrada que foi um bolinho de angu com queijo buchette, marmelada de laranja e pimenta dedo-de-moça (R$ 36).
Em seguida, veio um dos grandes sucessos do menu: a croqueta de ossobuco (R$ 36). Realmente merece todos os aplausos, estava sensacional. Crocante por fora, extremamente suculenta por dentro e bem temperada. Acompanha uma emulsão de mostarda dijon e cebolinha tostada. A sugestão para harmonizar foi um tinto italiano fresco e levemente frutado.
As entradas já tinham nos conquistado, mas, indo para os principais, compartilhamos todos os pratos, para todo mundo provar um pouco de cada. Nas taças, seguimos no tinto, mas, agora, da região do Alentejo, em Portugal, um corte da safra de 2018, mais marcante e intenso.
Entre as opções, o primeiro foi um tortellini de abóbora (R$ 65) com creme de queijo manchego, manteiga de sálvia e avelã. O segundo, polvo grelhado (R$ 99) com arroz meloso de chorizo espanhol, romesco e gremolata. E, por fim, lombo de cordeiro (R$ 79) com purê de couve-flor defumado. Difícil escolher o favorito, mas confesso que o cordeiro surpreendeu.
À essa altura já estávamos mais do que satisfeitas, porém, a sobremesa é sempre irrecusável. Um creme de mascarpone com morangos macerados, tomilho-limão e suspiro de hibisco (R$ 24). Leve, bem equilibrada e não muito doce. Exatamente o meu tipo de sobremesa. A sugestão de harmonização foi um vinho branco doce argentino, bem aromático.
A cozinha do chef usa e abusa de técnicas da alta gastronomia, mas, ao mesmo tempo, com muita simplicidade e sem ser pretensiosa. Pratos cheios de texturas e sabores surpreendentes. Por mais jantares como esse. Um brinde à boa gastronomia aliada às boas taças!
ARMAZÉM DOS IMPORTADOS
Endereço: Rua Cel. Lucas de Oliveira, 935, no bairro Bela Vista
Reservas por WhatsApp (51) 99538-7864
Horário do wine bar: de segunda a sábado, das 17h às 22h
@armazemdosimportados