Não é novidade para ninguém que o Capincho é uma experiência a parte aos apaixonados pela boa gastronomia. A novidade mesmo é que o bar, sob o comando de Fred Müller, foi reconhecido como o 7º melhor bar do Brasil pelo ranking dos 100 Melhores Bares da Revista Exame.
A gente, que não é bobo nem nada, correu para a Praça Dr. Maurício Cardoso, em Porto Alegre, para conhecer os novos drinks do cardápio. Fomos em uma quarta-feira, que é dia de jazz na casa, o clima perfeito para um happy hour especial.
O Capincho, como é chamada a capivara no Rio Grande do Sul, fica em um casarão dos anos 1930, com uma pequena entrada que se abre para um ambiente repleto de charme e personalidade. A decoração, curada por Flavia Mu, também sócia e apaixonada por arquitetura, se destaca pela atenção aos detalhes e pela busca de estabelecer parcerias com artistas e marcas locais. O resultado é um ambiente que celebra a essência gaúcha, mas que também oferece uma perspectiva moderna e urbana.
Logo ao entrar, os visitantes são saudados por bandeirolas assinadas pelo artista Xadalu, que estampam o milho crioulo, uma celebração aos povos originários e uma clara evidência do compromisso do restaurante e bar com ingredientes e cultura locais.
Sob o comando de Fred Muller, o bar exibe um balcão que se estende de lado a lado, criando um ambiente para quem busca um drink clássico ou um autoral da casa. E não são apenas os coquetéis que surpreendem. Uma seleção de vinhos, que prestigia rótulos locais, argentinos e uruguaios, completa a experiência que destaca a influência da Tríplice Fronteira.
Fred é um dos grandes responsáveis pelo crescente interesse do consumidor gaúcho pelo universo dos drinks desde a abertura de seu primeiro bar, o Olivos 657, localizado na Cidade Baixa. E foi no início de 2019 que deu início ao projeto do Capincho Bar e Restaurante ao lado do chef Marcelo Schambeck.
— Nossos coquetéis são criados com produtos locais e sazonais e sempre contam uma história, seja das pessoas que fazem parte da nossa rede de fornecedores, de viagens ou de lugares especiais para nós — conta Fred.
Iniciamos com quatro drinks sugeridos pelo Fred, que se encontrava na casa no dia. O Vila Nova (R$ 40) com Scotch Whisky, Peachtree, limão siciliano e xarope simples é inspirado no bairro no extremo Sul de Porto Alegre, o drink homenageia a tradição local, que é reconhecida pela produção de pêssegos.
O Osaka Milk Punch (R$ 44) feito com sakê, Umeshu, suco de maçã, xarope de gengibre, limão siciliano, angostura e clarificado de leite. Talvez um dos meus preferidos da noite, o drink responde ao crescente interesse pelo sakê, mas mantém suas raízes sulistas com o umeshu, um licor de ameixa japonesa, produzido na Colônia Japonesa de Ivoti, próxima de Porto Alegre.
O terceiro drink foi o Calabaza Old Fashioned (R$ 44) com bourbon, grappamiel, xarope de abóbora e angostura. Celebrando as tradições uruguaias, a Grappamiel combina grappa e mel em um sabor único. Uma bebida forte, ainda mais adicionada ao bourbon. Ele ainda conta com o charme do doce de abóbora artesanal feito por Tuta, a mãe do Fred. Fofo, né?!
Ainda provamos o Cosmopolitan de Jabuticaba (R$ 44) com Eau de Vie Alba, Triple Sec, jabuticaba e limão siciliano. Levinho, lindo, delicioso, e aos amantes de Triple Sec, vale a pedida.
Para acompanhar a primeira leva de drinks, fomos com a sugestão e curadoria dos chefs. Acompanhamos os primeiros drinks com azeitonas de Santana do Livramento marinadas em azeite temperado e raspas de limão (R$ 16) e pão de fermentação natural e manteiga queimada (R$ 27).
Seguimos com um tartine de cogumelo defumados (R$ 39) e um steak tartar de filé mignon com crocante de pão e lâminas de cogumelo castanho (R$ 74). Dupla espetacular. Tartar perfeitamente temperado, com adição de alcaparras e hortelã, que deixam o sabor ainda mais realçado.
Hora de mais drinks, por favor! Seguindo com as sugestões de Fred, fomos de Terra de Areia (R$ 38), Salad Martini (R$ 42) com gin, Lilet, Paco Mienne, pepino e sal, e Lo de Lori (R$ 45), com Mezcal, tequila, butiá, tomate, limão taiti e sal.
O Terra de Areia (R$ 38) feito de gin infusionado com abacaxi Terra de Areia, com água tônica e perfume de lúpulo, é a gin tônica da casa, mas diferenciada pelo sabor adocicado e suculento do abacaxi do litoral gaúcho. A infusão no abacaxi faz o drink elevar ainda mais o sabor.
Seguindo com as entradinhas, chegou a vez de experimentarmos os frutos do mar da casa. Vale ressaltar que tudo é muito fresco e feito com combinações um tanto curiosas, mas que definitivamente combinam no melhor estilo do chef Marcelo Schambeck.
Provamos a lula grelhada, pesto de azedinha, uva, aipo, semente de abóbora e crocante de batata-doce (R$ 59), o polvo, coalhada de iogurte, noz-pecan, tomate-uva e óleo de tomate fermentado com pão de fermentação natural (R$ 65) e o camarão rosa de pesca artesanal com molho de manteiga de camarão e grão-de-bico fermentado e chrein. Acompanha mini pão colonial.
O bar do Capincho não se limita apenas a porções para acompanhar as bebidas. A cozinha, comandada por Schambeck, oferece um menu que, embora tenha raízes no tradicional, busca uma reinterpretação contemporânea dos pratos gaúchos. As criações refletem uma paixão por ingredientes frescos e de origem, com pratos que vão desde cortes especiais de carne até opções vegetarianas que dão protagonismo aos vegetais orgânicos.
Já que estar no Capincho é uma experiência à parte, pedimos para dividir dois pratos principais. O primeiro foi o Jarret suíno, assado lentamente, molho de carne, radiche Verona com melado de maçã e crocante de pão (R$ 106). Maravilhoso. Ponto do Jarret perfeito, desmanchando, e combinando perfeitamente com o melado de maçã e o radiche.
Para acompanhar, fomos de cogumelos eeryngui e hiratake salteados, alho-poró, mousseline de batata orgânica com queijo colonial curado, crocante de amaranto e manjerona (R$ 87). Igualmente incrível, com explosões de sabor, e mais uma opção vegetariana na casa. Viva o mousseline de batata orgânica, vale cada garfada. Obrigada por isso, chef!
E, para finalizar toda essa orgia gastronômica, com drinks, comida boa, jazz e ambiente agradável, experimentamos duas sobremesas da casa para acompanhar o último drink da noite, feito com Fernet e café.
O Rocco's Cappuccino Martini (R$ 45) leva uma mistura de vodka, fernet, café espresso, xarope de canela, creme de leite fresco e bitter de chocolate. Um aceno à histórica Confeitaria Rocco no Centro Histórico de Porto Alegre. Este drink é a interpretação do Espresso Martini, enriquecido com fernet.
Acompanhamos o último drink com o mousse de chocolate amargo da casa, feito com tuile de cacau, ruibarbo e chantilly de café (R$ 38) e com uma tortinha com creme de baunilha e jabuticaba (R$ 38), dos deuses, leve, com creme de baunilha perfeito e jabuticaba fresquinha.
O Capincho se apresenta não só como um restaurante ou um bar, mas como uma experiência. Seja pelo som de jazz que ecoa do andar superior às quartas-feiras, pelos drinks de Fred ou pela cozinha sulista de Schambeck, o Capincho celebra as ricas influências culturais do Rio Grande do Sul, sem ser caricato. A gente ama, indica e se reapaixona a cada vez que revisitamos.
Capincho Bar e Restaurante
Endereço: Praça Dr. Maurício Cardoso, 61, no bairro Moinhos de Vento
Horário de funcionamento: de terça a sexta, das 19h às 22h30min, aos sábados, das 12h30min às 15h e das 19h às 22h30min
Reservas via WhatsApp (51) 99482-1042
@capinchorestaurante