O Rio Grande do Sul acaba de conquistar a sua primeira Denominação de Origem (DO) exclusiva para espumantes. É a segunda certificação do Brasil para vinhos. A tão aguardada DO Altos de Pinto Bandeira foi publicada no dia 29 de novembro, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), depois de mais de dez anos após o início do projeto.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira (Asprovinho), Daniel Geisse, a notícia foi recebida com muita comemoração.
— Formalizar o que estamos desenvolvendo há muitas safras é brindar a persistência de todos os envolvidos, unidos num único propósito. Agora podemos trabalhar na consolidação do posicionamento da marca no cenário nacional e no mundo do vinho. Isso porque a DO dos Altos de Pinto Bandeira é a única DO exclusiva de espumantes do Novo Mundo — destaca.
Para ter direito ao uso do Selo da DO em seus espumantes naturais, as vinícolas Aurora, Don Giovanni, Geisse e Valmarino têm que cumprir regras rigorosas de controle, desde o cultivo das uvas até o engarrafamento. Tudo começa com as variedades autorizadas chardonnay, pinot noir e riesling itálico que, além de serem cultivadas na área geográfica delimitada, também precisam ser conduzidas pelo método espaldeira, resultando em uvas com maturação equilibrada entre acidez e açúcar. Além disso, tem uma produtividade máxima de 12 toneladas por hectare, e não é permito colheita mecânica para uvas destinadas à DO.
Mesmo seguindo todo este protocolo, é preciso submeter os produtos a análises laboratoriais e sensoriais, com gestão do Conselho Regulador da DO. Somente depois, o produto está apto a receber o rótulo com o Selo e seguir para a mesa do consumidor.
— A principal certeza é de que, a cada garrafa aberta de espumante DO Altos de Pinto Bandeira, será uma experiência única, uma viagem ao local onde são elaborados. Uma paisagem única, um clima e uma terra singulares. É a união do trabalho humano para tornar tudo único. Quem conhece Pinto Bandeira, volta, pois é inebriante. Os produtos, o ambiente e os momentos que se passam lá tornam-se inesquecíveis — exalta Rodrigo Valerio, gerente de Marketing da Vinícola Aurora.
As Indicações Geográficas vieram para conferir reputação, valor e identidade a um produto de uma origem específica. Pinto Bandeira já possuía a Indicação de Procedência e a Denominação de Origem vem para coroar um trabalho coletivo.
— Os produtos da DO Altos de Pinto Bandeira expressam tipicidade associada à região de produção, incluindo clima e solo, técnicas de produção vitícola, favorecida pela alta especialização na elaboração dos espumantes — resume o pesquisador Jorge Tonietto, da Embrapa Uva e Vinho, que liderou todo o projeto de pesquisa.
Para o pesquisador, é uma conquista dos produtores da região, sob a gestão da Asprovinho, numa parceria com a ciência, envolvendo um conjunto de cientistas da Embrapa, bem como da parceria da Ufrgs e UCS.
— Essa Denominação de Origem possui equivalência estrutural e apropria um alto nível qualitativo, como o existente nas prestigiosas Denominações de Origem de espumantes do Champagne da França ou Franciacorta da Itália — ressalta Tonietto afirmando que o espumante é o produto-ícone da serra gaúcha e a Denominação de Origem garante a alta qualidade e originalidade do que há de melhor para este produto.
REGRAS PARA O USO DA DO ALTOS DE PINTO BANDEIRA
- Uvas autorizadas: chardonnay, pinot noir e riesling itálico
- Origem das uvas: As uvas devem ser cultivadas 100% na área geográfica delimitada da DO Altos de Pinto Bandeira.
- Sistemas de condução: espaldeira.
- Produtividade: limite máximo por hectare de 12t/ha. A colheita mecânica é proibida para as uvas destinadas à DO, que também devem apresentar mais que 14º graus babo.
- Elaboração: os espumantes com DO somente podem ser elaborados pelo método tradicional com tempo superior a 12 meses de guarda. Quanto ao açúcar residual, estão autorizadas as classes nature, extrabrut, brut, sec e demisec.
- Processos enológicos: é permitido o uso de barricas de carvalho, tanto na primeira fermentação quanto no vinho-base para espumante, sendo que para ter a DO é necessário ter a segunda fermentação na garrafa.
Os vinhos-base para espumante devem ter no máximo cinco anos, contados a partir da data de término da respectiva safra de uva.
É permitido o uso de diferentes safras de vinhos-base para espumante nos cortes, desde que das variedades autorizadas. Nos cortes, riesling itálico terá um percentual máximo de 25% sobre o volume do produto final.
O vasilhame autorizado é, exclusivamente,garrafas de vidro nos volumes 375mL, 750mL, 1500mL e 3000mL. - Padrões de identidade e qualidade organoléptica: espumantes da DO devem ser aprovados em avaliação sensorial realizada pela Comissão de Degustação, gerida pelo Conselho Regulador da DO.
- Espumantes safrados: Os espumantes da DO Altos de Pinto Bandeira podem ser safrados, devendo conter, no mínimo, 85% de vinho-base da safra mencionada.
- Rotulagem: o rótulo principal deverá conter a identificação do nome geográfico da DO, seguido da expressão Denominação de Origem. A rotulagem também deverá incluir o Selo de Controle numerado, especificando o número do lote e da garrafa.
Os primeiros espumantes com a DO Altos de Pinto Bandeira devem chegar ao mercado a partir do ano que vem. Mas, para brindar essa conquista, nada mais especial do que abrir um dos espumantes das quatro vinícolas de Pinto Bandeira, que estão só esperando o selo da nova Denominação de Origem.
- Vinho Espumante Don Giovanni Brut 24 meses 750 mL
Preço médio: R$ 110 - Vinho Espumante Don Giovanni Nature 24 meses 750 mL
Preço médio: R$ 110 - Cave Geisse Rosé ExtraBrut
Preço médio: R$ 225 - Cave Geisse Brut
Preço médio: R$ 135 - Espumante Valmarinho Branco Nature
Preço médio: R$ 115 - Espumante Valmarinho Branco Brut
Preço médio: R$ 83 - Gioia Sur Lie Nature
Preço médio: R$ 130 - Pinto Bandeira Espumante Extra Brut
Preço médio: R$ 100