Taças com borbulhas para qualquer hora pode até soar estranho, mas todos os momentos do dia podem ser acompanhados de um espumante. Em um sábado de preguiça, quando o bom dia vem junto de um farto café da manhã, servir um suco de laranja com espumante é uma ótima pedida, é o clássico drink chamado mimosa. No brunch, estão permitidos rótulos leves, como o prosecco, frescos, cítricos e de pouca intensidade. Costumam ser a cereja do bolo dos encontros pela manhã, junto das frutas, dos ovos e do croissant.
Para o aperitivo antes do almoço, o brut rosé cumpre o papel. De coloração vibrante, alegra a confraternização enquanto se prepara o almoço. Se for em um dia de primavera, daqueles quentes e floridos, parece que a taça com perlage constante dita o ritmo do programa, servida junto com acepipes, como morangos, queijos de massa mole e mix de castanhas — sem pretensão de harmonização, só para ter algo para beliscar.
No almoço, o prato principal abre espaço para o espumante produzido pelo método champenoise. Na hora em que sentamos à mesa, prestamos mais atenção no que está na taça. Os aromas abrem, o espumante convida para a comida, limpando o paladar para a garfada do prato principal. Se a receita for mais leve e fresca, como frutos do mar e frango, o espumante com corte de chardonnay e pinot noir é a opção ideal. Mas, no caso de uma feijoada, que tal um espumante tinto? Em um churrasco também dá para ousar. A acidez da bebida equilibra a gordura do prato, assim como o corpo do espumante suporta a intensidade dos temperos e das carnes mais suculentas.
Na hora do doce, seja após a refeição ou no meio da tarde, entra o moscatel, aromático, intenso, com aromas de mel e de flores. Em boca, o sabor doce junto com a acidez refrescante e bem presente provocam a salivação, neutralizando o paladar. Essas são características de espumantes de uma única fermentação. Também acompanham sorvetes cremosos com frutas em calda, cheesecake com frutas vermelhas, pudim com calda de caramelo, entre tantos outros doces.
Para brindar uma conquista, blanc de noir. Espumante branco a partir de uvas tintas, difícil de produzir, difícil de encontrar, mas tem gosto de vitória quando servido em uma taça. É de beber lembrando de tudo o que passamos até conquistar o que desejamos. Blanc de Blancs é a bebida a partir de uvas brancas, em sua maioria, chardonnay. É o crème de la crème. É uma bebida mais delicada, perfeita para o pedido de casamento ou o aniversário de pessoas especiais. É a coroação da felicidade.
Quando o encontro é à tarde, com amigos, os espumantes sur lie são boas opções e combinam com uma tábua de queijos. Esse tipo de bebida não passa pelo dégorgement (técnica de limpeza das borras). Eu, particularmente, gosto de gelar a garrafa em pé, possibilitando que, ao servir, tenhamos em cada taça um produto diferente. À medida em que se vai degustando, vai ficando cada vez mais complexo.
E o pét-nat? Esse tipo de vinho é para os dias de descontração que pedem papos leves e soltos. Alguns chamam de método ancestral, outros de espumante de uma fermentação só. A técnica consiste em engarrafar o vinho no final da fermentação alcoólica para ele finalizar a etapa de transformar o açúcar em álcool dentro do recipiente. Assim, o gás liberado no processo fica retido dentro e incorpora ao vinho. Esses rótulos tendem a ter menos álcool e menor pressão dentro da garrafa do que os espumantes de duas fermentações, mas são tão bons e agradáveis quanto. Ótimos para acompanhar o pôr do sol, um piquenique ou compor uma degustação diferenciada.
Viram como podemos beber espumantes em todas as horas do dia? Claro que não precisa ser tudo no mesmo dia, até porque cada ocasião tem uma proposta. Mas a versatilidade do produto, a partir das suas uvas e seus métodos de elaboração, cria oportunidades ao longo da jornada. Sem falar nos estilos de consumo, como comemoração, brunch e happy hour. Bora encher as taças e brindar os momentos?
Saúde!