Muita gente pode achar que vinho não combina muito com o calor. Mas, para os apaixonados por uma tacinha, não há tempo ruim. Existem diversos rótulos que são ótimas pedidas para os dias mais quentes. Os brancos, por exemplo, são os curingas do verão. Além de serem servidos gelados, normalmente têm uma acidez maior do que os tintos.
Neste caso, vale escolher rótulos mais jovens e que, de preferência, não tenham passagem por carvalho. Sauvignon blanc, alvarinho e torrontés são alguns exemplos de uvas que têm a tendência em produzir bebidas mais frescas e fáceis de degustar no calor. Além disso, de uma maneira geral, os rosés são sempre uma aposta certeira para os dias quentes, já que devem ser servidos bem gelados.
VINHO BRANCO
MÉTODO DE ELABORAÇÃO
Um dos processos de elaboração dos rótulos brancos ocorre a partir da prensagem das uvas logo após a colheita. Ao chegarem na vinícola, os cachos são desengaçados, separando a baga da fruta, que vai para a prensa, onde ocorre o processo de separação do suco (ou mosto) da casca e das sementes. Após a prensagem, o líquido segue para um tanque de fermentação alcoólica. Depois de finalizado esse passo, ele permanece em tanques para estabilizar por um período curto. Por fim, é feita a filtragem e o engarrafamento.
No caso dos brancos, o ponto mais importante que devemos levar em conta é que eles não contam com a maceração das cascas, se fermenta apenas o líquido.
PRINCIPAIS UVAS
Selecionamos variedades de corpo leve, que são conhecidas por serem jovens e frescas, com acidez e aromas marcantes de frutas.
- Pinot grigio: de casca cinza, é responsável por vinhos leves. Se for produzida em regiões frias, como na Itália, os aromas serão cítricos, como limão siciliano e maçã verde. Se for de localidades quentes, como na Austrália, pêssego e mel tendem a ser encontrados nos aromas. A acidez e o frescor dessa variedade são perfeitos para as confraternizações de fim de ano.
- Sauvignon blanc: variedade originária de Bourdeaux, na França. Tem aromas de frutas tropicais, como maracujá. Geralmente, apresenta um toque herbáceo, como chá verde e capim limão. Mas é muito fresca, leve e ótima para as tardes de primavera.
- Alvarinho: originária da Galícia, região norte de Portugal, a uva ganhou mercado no Rio Grande do Sul. Tem aromas cítricos, como limão, flor de laranjeira, passando pelas frutas de polpa branca, e, em alguns casos, apresenta até aromas salinos (que lembram sal). Em boca, é leve e de acidez marcante, o que permite tomar umas tacinhas a mais.
COLORAÇÕES
Os vinhos brancos de corpo leve tendem a ter coloração amarelo palha e, muitas vezes, até com reflexos esverdeados. Com bastante brilho, é convidativo para as tardes de calor.
SERVIÇO
Vinhos brancos leves se consomem gelados, com temperatura entre 6 e 9 graus. Se você gosta de tomar em taça, a dica é optar com uma com haste e de bojo largo, assim entra mais oxigênio, liberando ainda mais aromas.
VINHO ROSÉ
MÉTODO DE ELABORAÇÃO
Como o mundo no vinho não é uma ciência exata, os rosés podem ser elaborados de mais uma maneira. A mais comum é a partir de uvas tintas. Elas são colhidas e desengaçadas. Após esse passo, elas podem ir para a prensa, onde se extrai o mosto e um pouco de cor e de aroma das cascas – diferentemente do vinho branco, em que não ocorre esse contato com a casca. Na sequência, apenas o líquido é fermentado. Na finalização, o vinho descansa, estabiliza naturalmente e é engarrafado.
Outra forma é levar as bagas das uvas direto para o tanque, com casca e tudo. Assim que se chegar na cor desejada, ocorre o processo de sangria, no qual se retira apenas o líquido e se inicia a fermentação sem contato com a casca. Por fim, uma terceira opção é no caso dos cortes, quando se mistura um vinho branco com um rosé. Em alguns países, a técnica não é permitida. No Brasil, é bem feito e resulta em vinhos muito interessantes.
PRINCIPAIS UVAS
- Pinot noir: originária da Borgonha, na França, é uma uva complexa e delicada, com acidez bem característica. Em vinhos rosés, apresenta aromas de fruta vermelhas, como morango, cereja e framboesa. Em boca, tem frescor, poucos taninos e corpo leve. Ótima para acompanhar queijos e charcutaria. Com frutas, o morango é indispensável.
- Grenache: assim é chamada a variedade na França (na Espanha, garnacha). Em geral, apresenta bastante fruta no aroma e boa acidez. Neste caso, as especiarias já são mais perceptíveis: cravo, zimbro e pimenta-preta são comuns de aparecerem no olfato, além de frutas, como morango, framboesa e ameixa. Em boca, é agradável. Vai bem com queijos mais intensos, como pecorino e parmesão. Uma mix de folhas com rosbife é o almoço dos sábados de calor.
- Tempranillo: temprano, em espanhol, significa cedo. Não à toa, essa variedade tem um ciclo mais curto, amadurecendo mais rápido do que as demais. Quando utilizada em produção de rosés, tem aromas de frutas vermelhas mais nítidos e acidez presente. Pratos com frutos do mar, como paella, são boas combinações.
COLORAÇÕES
O rosé vai desde o casca de cebola, aquele bem clarinho, passando pelo clarete, pelo rosa e pelo cereja, até chegar no alaranjado e no salmão. Essa variação tem a ver com a variedade, com o tempo de contato com a casca e com a maceração pela qual o produto passa. Quanto maior a intensidade de cor, maior tende a ser o corpo e a estrutura da bebida.
SERVIÇO
Devem ser servidos refrescados, com temperatura de 8 a 12 graus. Quanto mais clara a cor, mais gelado tem que estar. A taça de serviço pode ser a mesma que o branco, mas se tiver uma opção com bojo maior, mais aromas aparecerão.
E O VINHO VERDE?
Outra sugestão é apostar nos vinhos verdes, pois são extremamente refrescantes e contam com uma acidez bastante elevada. Primeiramente, você precisa saber que o vinho verde pode ser branco, rosé e até tinto. A cor verde é relacionada ao excesso de acidez que esses rótulos apresentam, dando a sensação da uva verde antes da maturação completa. Em poucas palavras: é o verde como oposição ao maduro.
Os rótulos, com Denominação de Origem Controlada (DOC), são produzidos no noroeste de Portugal e apresentam sabores leves, frescos, jovens e com grande presença de aromas. Eles vão bem em piqueniques e até em jantares, como estrelas da harmonização. Durante muito tempo, os vinhos dessa região levavam açúcar ou gás para ajudar a mascarar o excesso de acidez. Ao longo do tempo, houve o aprimoramento de técnicas e do cultivo das uvas, que sofriam com a maturação por estarem em um solo extremamente fértil, produzindo mais folhas do que frutos.
Entre as variedades mais utilizadas para produzir o vinho verde, estão as castas típicas da região de origem. Loureiro, trajadura arinto e alvarinho são as brancas mais conhecidas. Entre as tintas, destacam-se a alvarelhão, a rabo de anho e a vinhão.