A gastronomia está em constante mudança. Consumo de orgânicos, vegetarianismo e veganismo cada vez mais ganham adeptaos e espaços nas discussões. Sustentabilidade com uso de tecnologia e também resgate a culturas ancestrais são pouco a pouco mais comuns quando falamos em produção suportável ao ambiente.
No vinho não foi diferente. As ânforas - vasos de terracota - foram recuperadas da história e voltou a se elaborar a bebida dentro deles. Rótulos de mínima intervenção também têm relação com o orgânico e natural. É o vinho a partir do que a uva tem para oferecer. E, desta forma, feito com técnicas antigas, o vinho laranja começou a aparecer dentro das garrafas.
Mas, o que a cor tem a ver com isso? O vinho âmbar, como também é conhecido e como os puristas preferem chamar, também se trata de uma técnica ancestral, que nada mais é do que a elaboração dos vinhos brancos em contato com a casca da uva, bem como são feitos os tintos.
Durante a fermentação também ocorre a maceração da casca da uva, transmitindo um pouco de cor âmbar/laranja e polifenóis, incluindo o tanino, que também está presente na uva branca.
Muitos produtores optam por não filtrar o produto, obtendo uma bebida mais espessa e com uma certa turbidez, mas faz parte do processo. Além disso, os laranjas tendem a ter uma certa complexidade, tanto de aroma quanto de paladar, devido ao contato com a casca e à maturação.
A recuperação do vinho âmbar se deu por Josko Gravner, enólogo e vinicultor de Friulli, no norte da Itália. A partir de uma viagem à Geórgia, ele conheceu as ânforas, onde eram feitos os vinhos na antiguidade, e, a partir daí, começou a sua filosofia. Hoje, é considerado o mentor dos vinhos brancos de longa maturação. Com o seu conhecimento, cultura e ideologia, saiu da crítica que não o compreendia para virar referência, a ponto de ter o seu estilo de bebida replicado, além de ter construído mais uma categoria, ao lado dos brancos, tintos e rosés.
O crescimento do vinho laranja é tanto que, recentemente, na Wine South América - feira de vinhos que ocorreu em Bento Gonçalves -, várias vinícolas estavam lançando os seus próprios rótulos, de pequenos a grandes produtores. A aposta chegou para todos, já não é mais futuro, já está no mercado.
Como enóloga, acho ótimo novos produtos, novos estilos. Tem consumidor e momentos para todos, é o que eu penso, pelo menos. Cuidado com os vinhos, união entre as novas gerações de enólogos, uso de técnicas aliado a ideologias, e sustentabilidade sem abrir mão da qualidade.
Abaixo, separamos alguns rótulos de vinhos laranja para você provar. Temos produtos de pequenos produtores e até de grandes vinícolas, passando pelos de mínima intervenção. Mas, por ainda ser uma novidade, a grande maioria tem tiragem pequena, então, a dica é buscar suas garrafas rápido.
- Guatambu Veste Amarela
Preço médio: R$ 120 - Vinícola Salton, Atos, Branco de Maceração
Preço médio: R$ 150 - Cão Perdigueiro Peverella "Laranja"
Preço médio: R$ 164 - Leone Di Venezia Laranja Oro Vechio
Preço médio: R$ 108