Depois do sucesso da série, seria difícil de acreditar que a identidade de Martha, de Bebê Rena (2024), permaneceria um mistério. Fiona Harvey, mulher que diz ter inspirado a personagem, apareceu em uma entrevista ao jornalista Piers Morgan, na quinta-feira (9).
Durante a conversa, que foi ao ar no canal do YouTube do jornalista, a escocesa de 58 anos, que é advogada, explicou que aparecer publicamente e contar a sua versão da história contada no seriado não foi exatamente uma escolha. Ela negou ser uma perseguidora e disse que recebeu ameaças online.
— Na internet, detetives me rastrearam, me perseguiram e me fizeram ameaças de morte — afirma Fiona. — Então não foi realmente uma escolha. Fui forçada a esta situação.
Bebê Rena estreou em 11 de abril e, desde então, a série tem gerado repercussão pelo rumo obscuro que a história toma. A trama acompanha Donny (Richard Gadd), um aspirante a comediante que é abordado por Martha (Jessica Gunning) enquanto trabalha em um bar, em Londres, e passa a ser perseguido por ela.
A produção é baseada em uma história real que aconteceu com Gadd, que é criador, protagonista e roteirista da série. No entanto, os créditos alertam que alguns personagens, locais, nomes, incidentes e diálogos não passam de elementos ficcionais. Assim, não existe confirmação alguma de que a personagem Martha seja inspirada em Fiona.
Em abril, Gadd deu uma entrevista ao The Guardian em que disse acreditar que a sua equipe fez um grande esforço para disfarçar a verdadeira identidade de Martha e que não achava que ela se reconheceria.
Fiona, por sua vez, diz não ter assistido a nenhum dos sete episódios do seriado e definiu a produção da Netflix como uma "obra de ficção obscena e difamatória". Ela afirma que percebeu as referências após ler reportagens na imprensa e ser contatada por jornalistas.
— Isso é completamente falso. Muito, muito difamatório para mim, muito prejudicial. E eu queria refutar isso completamente neste programa — alega a advogada, que tem intenções de entrar com um processo contra a plataforma de streaming. — Eu não sou uma perseguidora, não estive presa, não tenho liminares, interdições. Isso é um completo absurdo.
Ao apresentador, a escocesa negou ter enviado a Gadd 41 mil e-mails, 350 horas de mensagens de voz, 744 tuítes, 48 mensagens no Facebook e 106 cartas, como a série mostra. Porém, tanto a Netflix quanto Gadd afirmam que o ator e roteirista tem todos esses contatos registrados.
A advogada admitiu ter enviado "um punhado de e-mails brincalhões", uma carta e alguns tuítes que ainda podem ser vistos publicamente no X (Twitter), mas defendeu que não enviou "mais do que 10 e-mails", e insistiu que todos eram inocentes.
Fiona ainda admitiu ter ido em "um ou dois" shows do comediante, porém afirma nunca tê-lo importunado. Além disso, ela negou ter contatado os pais de Gadd ou atacado a namorada dele.
— Não acho que ele tivesse namorada. Acho que ele é homossexual. Mas não, nunca fui à casa dele, nem ataquei nenhuma namorada ou algo do tipo — diz ela.
Ao contrário do que fez a personagem, a advogada disse que nunca agrediu sexualmente o comediante ou foi para a prisão após se declarar culpada de assédio. Ela afirmou que a Netflix e Gadd estão mentindo na apresentação da série e deixou uma mensagem para o criador da produção.
— Deixe-me em paz, por favor. Arrume uma vida. Arrume um emprego adequado. Estou horrorizada com o que você fez — suplica.
Por fim, a escocesa disse ter se identificado com Martha, mas não por conta da perseguição e, sim, porque assim como a personagem, também teve um brinquedo de rena quando era criança.
— Essa parte é verdade. Foi uma piada. Então, inadvertidamente, escrevi o nome do programa — brinca.