Ele já foi herói, bandido, vilão regenerado e até gêmeos! Versátil, Mateus Solano está no ar em Elas por Elas como Jonas, um personagem controverso, que errou muito no passado, trocou o amor de Adriana (Thalita Carauta) pelo conforto de um casamento com a ricaça Helena (Isabel Teixeira), mas que, agora, se mostra "sinceramente comprometido com a sua mudança", segundo seu intérprete. Na vida real, o ator de 42 anos se dedica a apoiar causas ambientais e tenta fazer sua parte em meio às mudanças climáticas que assolam o planeta. Em bate-papo, Mateus Solano fala sobre pequenos atos que podem contribuir para um futuro melhor, defende a mudança de Jonas na novela e lembra seu personagem mais icônico: Félix, de Amor à Vida (2013). Confira!
Como foi pra você a composição de Jonas, já que ele é bem controverso e não pode ser considerado exatamente um mocinho?
Gosto de apostar nessa dubiedade do Jonas. Mas a verdade é que ele se mostra um cara sinceramente comprometido com a sua mudança. Depois de 25 anos de um triste casamento, ele resolve dar a volta por cima e encontrar a si mesmo através do amor que deixou para trás. Quando tenho oportunidade, coloco nele pitadas de machismo e características de um homem mais antigo, justamente para mostrar alguma dificuldade nessa mudança. Na relação com o filho, também, eu e Filipe Bragança (Giovanni) apostamos num certo descompasso que vai sendo resolvido na medida em que eles vão passando por seus conflitos.
Na sua opinião, por que Jonas traiu Adriana com Helena? Imaturidade da juventude ou um pouco de ambição, já que a família de Helena era rica?
Foi exatamente essa a equação: duas partes de imaturidade para uma parte de ambição.
É a primeira vez que você contracena com Isabel Teixeira e Thalita Carauta. Como é esse trio nos bastidores?
A novela tem sido, para mim, um momento de raro aprendizado graças a essas colegas que me ensinam muito, dentro e fora de cena. Aprendo muito com elas! Fico muito feliz de estar num trabalho na TV com seu ritmo industrial e conseguir, ao mesmo tempo, estar em constante aprendizado.
E ainda tem mais uma parceria com Marcos Caruso (contracenaram também em Pega Pega, em 2017, e Quanto Mais Vida, Melhor, de 2021). Deve ser difícil manter a seriedade contracenando com ele, não?
Estar com o Caruso é sempre muito divertido. Mas antes mesmo da diversão vem a admiração por um ator que traz sempre cores e detalhes diferentes para cada personagem que faz. Um deleite! Quero ter Caruso sempre por perto.
É impossível não falar de Félix, um personagem que marcou a história da TV brasileira. Passados 10 anos, ainda tem gente que aborda você falando desse trabalho em Amor à Vida?
A maioria! Isso me deixa muito feliz porque foi com esse trabalho que alcancei o que há de mais precioso e poderoso no trabalho do artista: fazer com que uma sociedade reveja seus conceitos e pense em mudar para melhor.
Você tem distribuído copos reutilizáveis aos colegas de elenco. Assim como essa, que outras pequenas atitudes podemos tomar no dia a dia para diminuir um pouco a catástrofe ambiental?
Há muito que fazer! Gosto de falar dos cinco Rs: reciclar, reduzir, reutilizar, repensar e recusar. São ações poderosas para mudar nossos hábitos que estão nos levando para um abismo logo ali. De minha parte, não saio de casa sem uma garrafa d’água para recusar – recuso já, há alguns anos, água dentro do plástico e plástico descartável de uma maneira geral –, levo sempre sacolas retornáveis para o mercado, faço compostagem, tenho teto solar e carro híbrido, separo meu lixo, tenho uma gestão inteligente da água em casa, inclusive, reutilizando água da chuva... São muitas as atitudes! Mas o fundamental é colocar o meio ambiente na equação do seu dia a dia. Se todo cidadão começasse a colocar o meio ambiente na conta, não estraríamos nessa situação. O caso é que somos ensinados a comprar, comprar, comprar e a descartar sem nenhuma responsabilidade. No fim das contas, isso não interessa a ninguém, pois todos nós dependemos do equilíbrio ambiental para sobrevivermos nesse planeta.
A natureza vem nos mostrando que o futuro do planeta é sombrio, com catástrofes climáticas cada vez mais comuns, calor acima da média, queimadas... Você ainda consegue ter esperança diante de notícias tão alarmantes?
Não é tanto a esperança que me move. É mais a sensação de fazer a minha parte. Se cada um fizesse a sua... Sei que minhas atitudes são uma gota num vasto oceano, mas, por ser figura pública, digamos que minha gota cai do alto e faz ondinha. E tento, portanto, através dessas ondas, multiplicar e influenciar mais pessoas a virarem a chave mental da consciência ambiental.