Quando o produtor Tiago Mello começou a pensar em Mila no Multiverso, série da Disney+ que estreou em fevereiro na plataforma, pouco se falava sobre esse conceito de universos paralelos que coexistem como se fossem camadas.
Hoje, o cenário é bem diferente com o premiado Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo e filmes e séries da Marvel, como Loki, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e outros títulos.
— Tivemos as primeiras ideias em 2016. A gente começou a fazer isso antes dessas produções todas. Foi algo a que me acostumei. Quando fiz 3%, Jogos Vorazes chegou junto — conta o produtor.
Mas Tiago parece não se abalar. Mila no Multiverso, afinal, está distante do que essas produções americanas fazem com o multiverso: a série brasileira se vale do conceito para dissertar sobre diversidade.
A trama conta a história de Mila (Laura Luz) que, ao fazer 16 anos, descobre um dispositivo que pode levá-la a universos paralelos à procura de sua mãe, Elis (Malu Mader). Logo ela percebe que esse sumiço é só o começo da história, já que Elis, ao descobrir a existência de múltiplos universos, é caçada por um grupo misterioso. Mila terá de se adaptar aos desafios com a ajuda dos amigos Juliana (Yuki Sugimoto), Vinícius (João Victor) e Pierre (Dani Flomin).
Vilões
O produtor Tiago Mello reflete sobre o multiverso com uma maneira de pensar o diferente.
— A gente fala de uma jovem que vai defender a existência do multiverso, do diferente existir, e que aprecia esses diferentes. Ela não acha um horror, ela gosta. Explora a comida, as pessoas, os costumes — diz. — Enquanto isso, os vilões acham que só o universo deles pode existir. É uma discussão muito atual no Brasil, no mundo, essa coisa de matar o que é diferente de você. O diferente não está ali para ser destruído.
Tiago, que hoje é um dos grandes nomes por trás de filmes e séries infantis, pensava no conceito do multiverso voltado à criança.
— Uma adolescente indo para outro mundo, como se viraria com os amigos que não a conhecem? É uma adaptação que os jovens passam a todo momento.
As coisas tomaram forma, de fato, quando a casa do Mickey Mouse entrou com a ideia de colocar a série na plataforma de streaming. Uma parceria essencial para conseguir criar esses universos.
— Nem sempre temos os recursos que se precisa ter. A Disney nos deu esses recursos. Cada universo na série tem seu mundo. É algo muito legal de se explorar — ressalta.
Mello vê na série o potencial de ir além.
— Acho muito importante que o audiovisual mostre o Brasil que somos. Cada vez mais, na frente ou atrás das câmeras, temos de trazer isso — diz. — Achamos que pode marcar crianças no mundo todo.