Os promotores de Justiça do Supremo Tribunal da Colúmbia Britânica, na cidade canadense de Courtenay, revelaram na segunda-feira (13) que o ator Ryan Grantham, 24 anos, que está sendo julgado por assassinar a própria mãe, planejava também matar o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. As informações são do canal de TV local CBC News.
No carro do ator, que ficou conhecido pelo trabalho na série Riverdale, foram encontradas três armas, munição, coquetéis molotov, material de acampamento e um mapa com instruções para chegar à casa do primeiro-ministro canadense, em Ottawa. Segundo as autoridades, apesar de ter planejado o assassinato de Trudeau, o ator acabou desistindo da execução após algumas horas dirigindo e passou a cogitar realizar massacres na Ponte Lions Gate de Vancouver e na Simon Fraser University, instituição de ensino onde estudava. No entanto, o artista também não colocou o plano em ação e acabou indo até uma delegacia, onde abordou um policial e revelou que havia matado a própria mãe.
O assassinato de Barbara Waite, 64 anos, mãe do ator, ocorreu em 31 de março de 2020. Na ocasião, ela estava tocando piano quando Ryan chegou por trás e atirou na cabeça dela. Segundo o depoimento de Ryan, prestado na delegacia após o crime, ele pegou dinheiro para a compra de cerveja, maconha e insumos para fazer coquetéis molotov e, logo depois, foi assistir televisão. Ele cobriu o corpo da vítima com um lençol e foi dormir. No dia seguinte, acendeu velas em torno do cadáver e saiu de casa com a intenção de matar o primeiro-ministro.
O corpo de Barbara foi encontrado por sua filha, Lisa Grantham, no dia seguinte ao crime. A irmã do ator foi até o local após a mãe não responder suas mensagens e não atender aos seus telefonemas. Durante o depoimento à polícia, Lisa se mostrou incrédula e aterrorizada com a situação.
— Como posso confiar em qualquer pessoa após o meu único irmão executar a minha mãe pelas costas? — afirmou ela.
O julgamento de Ryan ainda está em andamento. Até o momento, o artista não depôs à Justiça. Apesar disso, o ator teria declarado na delegacia, quando se entregou, que se sentia desesperançado e tinha o desejo de cometer violência nos meses que antecederam suas ações. Além disso, relatou impulsos suicidas, seguidos de ímpetos de ódio e crises de ansiedade.
Se o ator for declarado culpado, poderá pegar prisão perpétua pelo crime de assassinato em segundo grau. A Justiça também pretende solicitar de 17 a 18 anos de inelegibilidade para a concessão de liberdade condicional. Até o momento, os advogados de Ryan não apresentaram a defesa à Corte. A audiência será retomada na próxima terça-feira (21).
Diário encontrado
Uma das principais provas coletadas contra Ryan é um diário que contém mensagens supostamente escritas por ele. Em uma das passagens, o ator relata que, nos dias que antecederam o assassinato, ele já andava com uma arma de fogo e ensaiava a execução, aproximando-se da mãe diversas vezes.
O artista também gravou um vídeo em uma câmara GoPro. O conteúdo audiovisual, que está em posse da Justiça, mostra o passo a passo do crime. Também há um vídeo registrado no dia do assassinato, em que Ryan filma o corpo da mãe e descreve o que aconteceu.
— Eu atirei na parte de trás da cabeça dela. Momentos depois, ela soube que era eu — diz Ryan no vídeo.
Em uma mensagem escrita no diário, o ator se mostrou arrependido. "Sinto muito, mãe, sinto muito, Lisa... Eu me odeio", registrou.
Carreira
Ryan atuava no cinema e na televisão desde os nove anos. Entre seus trabalhos, destacam-se os papeis nas séries Riverdale, Supernatural e iZombie, além dos filmes Diário de um Banana e O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus.
Em uma das passagens do diário, o ator reflete sobre sua trajetória artística. "Há muitas mídias minhas por aí. Filmes e TV. Centenas de horas minhas que podem ser vistas e dissecadas... Ninguém vai entender (o crime)", escreveu.