O ator Sérgio Mamberti morreu na madrugada desta sexta-feira (3), em São Paulo, aos 82 anos. O artista estava internado em um hospital da rede Prevent Senior, na capital paulista.
A morte foi confirmada ao portal G1 pelo filho dele, Carlos Mamberti. O ator estava entubado, com infecção pulmonar, e faleceu em decorrência de falência múltipla de órgãos.
Em julho deste ano, Mamberti havia sido hospitalizado para o tratamento de uma pneumonia. Chegou a passar por uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, após cerca de 15 dias, se recuperou e teve alta.
O velório será realizado na tarde desta sexta no palco do Teatro Anchieta, no Sesc Consolação, em São Paulo, em cerimônia fechada. O enterro do artista, também restrito a familiares e a poucos amigos, ocorrerá, às 15h, no Cemitério da Consolação, na capital paulista.
Nascido em 22 de abril de 1939, na cidade de Santos (SP), Mamberti teve diversos papéis de destaque ao longo de mais de 60 anos de carreira. O pontapé inicial foi no teatro, em 1962, com a peça Antígone América, escrita por Carlos Henrique Escobar, produzida por Ruth Escobar e dirigida por Antônio Abujamra.
Pouco depois, juntou-se ao elenco do Grupo Decisão e encenou peças como O Inoportuno e Navalha na Carne, que lhe deu projeção nacional. Em 1969, venceu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo como ator coadjuvante.
Na TV, destacou-se ao interpretar o mordomo Eugênio em Vale Tudo, na Globo, e doutor Vitor no clássico Castelo Rá-Tim-Bum, da TV Cultura. Em entrevista a GZH em maio deste ano, o artista disse que considerava esse último personagem como o que "concentra todas as ideias que estão em mim".
— Ele formou e segue formando gerações. Sou parado na rua por causa dele. Já vieram falar comigo em outros países por causa do Dr. Victor. No Xingu, os meninos indígenas vieram correndo a mim gritando “Tio Victor, Tio Victor”. Na Praça da República, um grupo de meninos cheiradores de cola me identificou devido a ele – disseram que viam Castelo Rá-Tim-Bum pelas vitrines das lojas! Esse personagem ficou em cartaz por mais de 20 anos, volta a todo instante. A satisfação que ele me traz é imensa. Única — afirmou.
Entre outras produções, também participou de séries como A Diarista, Os Normais e, mais recentemente, 3%, além de novelas como Anjo Mau, O Profeta, Flor do Caribe e Sol Nascente. Nos cinemas, fez sua estreia em 1966 com a comédia Nudista à força, de Victor Lima, e emplacou sucessos como O Bandido da Luz Vermelha (1968), Toda Nudez Será Castigada (1973) e A Hora da Estrela (1985).
Mamberti era considerado um grande articulador cultural e, apesar do sucesso na TV e no cinema, não abandonou os palcos. Além de atuar, dirigiu diversos espetáculos do circuito paulista ao longo da carreira. Em 2019, estreou, ao lado de Rodrigo Lombardi, a premiada Um panorama visto da ponte. Além disso, foi um dos membros-fundadores do PT e trabalhou no Ministério da Cultura.
Em 1964, casou-se com Vivien Mahr, com quem teve três filhos: Duda, Fabrício e Carlos. A esposa morreu em 1980. Depois disso, ele manteve um relacionamento por 37 anos com Ednaldo Torquato, que morreu em 2019. Ao publicar sua autobiografia em abril deste ano, o ator falou abertamente sobre sua bissexualidade.
No mesmo livro, intitulado Sérgio Mamberti, Senhor do Meu Tempo e escrito com o jornalista gaúcho Dirceu Alves Jr, ele lembrou bastidores de sua trajetória de arte e política no Brasil.
— Sou militante político, sim, mas um militante que quer mudar o mundo por meio da cultura. O teatro é extremamente inspirador, mudou tudo em mim. Acredito que pode mudar nos outros também — destacou a GZH após o lançamento da obra.