No dia em que a morte de Bussunda completa 15 anos, o humorista ganha uma homenagem à altura de sua carreira. Com quatro episódios, a série documental Meu Amigo Bussunda revisita a história de vida e apresenta depoimentos de amigos, familiares e produtores do artista que ficou marcado por seus diferentes personagens. O material foi disponibilizado nesta quinta-feira (17) no Globoplay.
Um dos membros originais do jornal humorístico Casseta Popular, Bussunda começou sua carreira televisiva no programa de debates Cabeça Feita, da TVE, e migrou para a redação do TV Pirata no final da década de 1980. A partir de 1992, ao lado dos criadores de outro jornal humorístico, o Planeta Diário, ele fez sucesso no Casseta & Planeta - Urgente!, programa que ficou no ar até dezembro de 2010 na Globo.
Durante seus 14 anos como um dos protagonistas do humorístico, Bussunda interpretou personagens reais e fictícios que marcaram época. Por isso, o cineasta Micael Langer - que dirige o seriado com Claudio Manoel (integrante do Casseta e Planeta) - acredita que a produção acabe sendo uma viagem histórica.
— Deixamos o produto à altura do legado. Nunca vi uma equipe tão empolgada e ciente da responsabilidade. Ali nos episódios não é só o Bussunda, e sim, uma história. É o Casseta e Planeta. Contar a história dele é contar a história do Casseta, que teve muita gente marcante — destaca Langer.
Além dos dois diretores, Meu Amigo Bussunda tem uma participação especial: Júlia Besserman, filha do humorista, que tinha 12 anos quando o pai sofreu o ataque cardíaco durante a cobertura da Copa do Mundo na Alemanha, em 2006. Para o trio, Bussunda será lembrado por gerações por causa de sua capacidade de refletir sobre os causos do seu tempo.
Diante disso, GZH elenca abaixo alguns dos personagens marcantes de Bussunda, conforme os depoimentos dos diretores e de Júlia, além de figuras que seguem até hoje no imaginário popular.
Ronaldo Fofômeno
Nas Copas de 1998, 2002 e 2006, o jogador ganhou uma versão de Bussunda dentro do humorístico. A forma física de Ronaldo rendeu diferentes piadas no programa.
Marrentinho Carioca
Basta falar do personagem que qualquer pessoa vai lembrar de Bussunda dizendo "ih, fala sério". Marrentinho, que era inspirado no jogador Marcelinho Carioca, era um atacante mimado do pior time do mundo, o Tabajara Futebol Clube.
— Todo mundo segue usando o "ih, fala sério", então não tem como esquecer — garante Júlia.
Helena
Sucesso no início dos anos 2000 na Globo, Laços de Família ganhou uma paródia dentro do humorístico. Em Esculachos de Família, que satirizava os personagens da trama de Manoel Carlos, Bussunda interpretava Helena - originalmente vivida por Vera Fischer.
— Esse foi um marco e na série tem até depoimento da própria Vera Fischer, nem ela se aguentava — diverte-se Claudio Manoel, em entrevista a GZH.
Ulson Montanha
Entre os personagens criados pelo humorista, Ulson Montanha é um dos mais inesquecíveis. O melhor amigo de Massaranduba (personagem fortão de Claudio Manoel) estava sempre ao lado dele nas mais inusitadas situações. Eles sustentavam a imagem de marombeiros e passam por diferentes brigas, principalmente quando questionavam a sexualidade de Massaranduba.
Seringueiro
Um dos quadros do programa fazia uma visita às diferentes regiões do país, mostrando as classes trabalhadoras de cada local. Júlia lembra que sempre recorda do pai como alguém "calmo e zen", bem diferente do seringueiro da Amazônia que ele interpretou.
— Não é um grande personagem, mas me marcou muito porque ver ele irritado como o seringueiro não era normal pra mim. Totalmente o oposto de como ele era em casa — destaca Júlia.
Shrek
O comediante é lembrado até hoje por ter dublado o ogro mais amado dos cinemas nos dois primeiros filmes da franquia. Manoel reforça que este foi um presente para as novas gerações. Em Shrek Terceiro, o dublador Mauro Ramos assumiu o personagem.
Sátiras de novelas
Além de Helena em Esculachos de Família, Bussunda é lembrado por outras sátiras à teledramaturgia, como Baleíssima (Belíssima) e Mulheres Recauchutadas (Mulheres Apaixonadas).
Gênio da lâmpada
O gênio aparecia para resolver os desejos das pessoas, que precisavam das mais diferentes ajudas. Sua atuação como o personagem - que tinha soluções inusitadas para os pedidos - rendeu até mesmo uma participação especial dele como gênio no Sítio do Picapau Amarelo (2001).
Professor Pasqualula
O humorista encarnava uma sátira ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em diferentes esquetes. Em uma delas, o quadro "Nossa Língua Portupresa", o personagem tinha que repetir frases que usavam palavras parecidas.